O excesso é que é o problema!






Vivemos em meio a várias polêmicas; isso faz com que as pessoas tentem encontrar respostas para perguntas que são, no mínimo, óbvias de se responder. É como aquela velha pergunta se sexo antes de competir atrapalha na performance, ou se folia atrapalha no desempenho do atleta. Tudo em excesso faz mal e isso é claro que já se sabe, porém eu pergunto: – Será que ter alegria atrapalha? Fazer o que se gosta tira a disposição? Ser autêntico cansa? Fazer amor com quem se ama deixa as pernas bambas? As respostas, para as pessoas que acham que entendem de tudo, é de que tudo isto pode atrapalhar no momento de uma competição, porém você, meu caro leitor, não acha que performance tem muito mais a ver com concentração? Que se o físico estiver preparado não falhará? Eu digo que isto tem mais a ver com todas as respostas porque eu, enquanto atleta de alta performance, nunca tive problemas com essas coisas. 

Por isso, me tornei tricampeão do mundo e seis vezes finalista olímpico, com direito a duas medalhas olímpicas e de quebra ser o único velocista de toda a América latina a ser medalhista olímpico em prova individual, entre outras coisas; e provavelmente não conseguiria se não tivesse tido disciplina, embora sempre tenha feito tudo que queria (claro que sem exageros, porque, na verdade, quando se faz o que se tem vontade nunca é demais). E o mais importante para que um atleta seja campeão é saber que caráter faz parte do jogo e que quando o indivíduo não se policia acaba exagerando – e é isto que faz a diferença. Saber quando parar é importante, senão pode vir a ter um problema. Por isso, o papel do técnico – que acaba sendo um pouco de pai, professor, tutor, irmão mais velho – é muito importante para o garoto que está começando no esporte, pois se você tem uma conduta de caráter, decência e é uma pessoa centrada, o seu atleta fará tudo que quiser e você não precisará se preocupar com sua conduta fora do local de trabalho. 

Saber o que fazer é algo que você só a prende vivendo. Para muitas pessoas, o difícil é discernir uma coisa boa de uma coisa ruim. Um exemplo clássico é saber que os atletas do futebol, em sua grande maioria, têm o costume de freqüentar boates, pagodes e noitadas, que geralmente varam a noite. Isso se dá pelo fato de os técnicos não se preocuparem com suas vidas pessoais, pois eles já ganham bem nos seus primeiros anos como profissionais. As pessoas que cuidam de suas carreiras se esquecem de alertar os meninos para o fato de que se deve ter paciência para fazer determinadas coisas. Quando o técnico da seleção de futebol pediu moderação isso não significa abstinência do carnaval, pois estar em um camarote até meia-noite, assistindo a um desfile, não mata. E vou mais longe: desfilar em uma escola de samba não é motivo de preocupação; acredito que quem tem juízo não precisa de privações e sim de motivação para fazer o que gosta, com amor. E todas as coisas que são feitas com esse intuito são feitas com verdade, e isto é importante, assim como o esporte que é feito com amor à camisa que se veste.