Acredite se quiser



Estava eu no Japão, jogando pelo nosso time de veteranos ao lado de Adílio, Andrade, Nunes, Reinaldo, Paulo Sérgio, entre outros, mais os jovens Felipe Veras e Pita. O jogo era contra uma seleção da cidade de Shizucka. Fizemos 1 a 0, gol meu – e aí aconteceram coisas inacreditáveis. Perdi gols como nunca perdi na minha vida profissional. Até mesmo sem goleiro, eu debaixo da baliza. Ninguém entendia nada – muito menos eu. No intervalo, entrei no vestiário já pedindo um novo uniforme para o nosso massagista Valnir. Voltamos para o segundo tempo e tudo mudou. Demos um passeio de bola nos japoneses. Goleamos por 6 a 2, marquei mais dois gols e ainda dei passe para um outro. Aquele uniforme do primeiro tempo – me desculpem – estava “carregado”. Superstição ou não, o que sei é que a mudança funcionou.

Voltando um pouco no tempo, mas mantendo ainda o mesmo tema, superstição, lembro do goleiro Ubirajara Motta, que foi do Bangu e jogou no Flamengo em 1973. Ele não gostava que jogássemos as bolas dentro do gol dele em dias de treino. Nem de brincadeira. O homem virava uma fera. Queria briga. Dizia que era o mesmo que abrir uma porteira: “por onde passa um boi passa uma boiada”. Fiquei com aquela história na cabeça. Anos depois, em 81, fomos jogar no Maracanã, contra o Colorado, que hoje se chama Paraná. O goleiro deles era o Joel Mendes, uma barreira. Não passava nada, o homem estava no dia dele... O primeiro tempo terminou Colorado 1 a 0, gol do ponta-esquerda Aladim.

 O time paranaense era muito bom. Voltamos para o segundo tempo, e eu lembrei do Bira Motta, a história da porteira. A primeira bola que saiu na linha de fundo fui pegar, e quando voltei, joguei com a mão dentro do gol de Joel Mendes. Levei cartão amarelo. Quero contar pra você o seguinte: aos trinta minutos empatamos o jogo, gol meu, e dois minutos depois fiz 2 a 1. Mengão venceu, eu ganhei o amarelo – e muitas vezes levei o cartão amarelo por ter a mesma atitude em jogos que estavam difíceis. Grande Bira Motta! Que sabedoria! Que superstição!

Fui.       
    Zico