Um convite maravilhoso, quase uma intimação.
Um belo dia, durante um almoço com André Dias, um dos diretores da Globo.com, fui convidado para conhecer Barretos e seu famoso espetáculo. A princípio, adorei a idéia, mas ao, mesmo tempo, imaginei: – Acho que eles estão me convidando para terem a presença da Globeleza, mas, enfim, eu sempre tive muita vontade de conhecer essa festa e talvez seja este o momento.
Ao chegar em casa, no mesmo dia, contei para a Valéria o que havia acontecido e ela concordou comigo, mas ainda assim, vendo a minha empolgação, decidiu me acompanhar.
Logo ao chegar, fomos muitos bem recebidos. Senti-me muito à vontade, pois simplesmente adoro todas estas festas; eu estava literalmente em casa – lá pude sentir toda a alegria e vibração do Brasil.
A maioria dos brasileiros já ouviu falar de Barretos, uma bela cidade no interior de São Paulo, onde acontece o segundo maior rodeio do mundo. Um festival bem mais conhecido que Parintins (um espetáculo maravilhoso que acontece no meio da selva amazônica e que, na minha opinião, merecia uma melhor divulgação). Ao me deparar com aquela arena fantástica, projetada por Oscar Niemeyer, comecei a entender toda aquela emoção. Imagine! São cerca de 50 mil pessoas transmitindo uma energia incrível.
Assim que os dirigentes perceberam a minha empolgação, começaram a fazer uma retrospectiva da história do evento, citando importantes artistas que já haviam participado da produção visual, entre eles, o meu grande amigo David Zingg, Tomie Otake e tantos outros.
Tomado por tamanha empolgação, não resisti e fui ver todo aquele movimento mais de perto. Desci bem próximo ao lugar onde os touros e cavalos disparam para a arena e pude sentir toda a força daqueles animais e, é claro, daqueles homens, ou melhor, daqueles super-homens.
Depois de assistir os toureiros em Sevilha; ver de perto uma corrida de Fórmula-1; os mais loucos esquiadores descendo montanhas a quase 200 quilômetros por hora; GP de moto velocidade categoria 500 cilindradas, e a maioria dos esportes radicais, pude perceber que, para mim, aqueles homens tornaram-se os mais corajosos do mundo.
Ao retornar para o camarote, completamente tomado de emoção, fui pego de surpresa.
De repente, em meio aquele burburinho, no auge da competição, todas as câmeras ligadas; escutei o meu nome. Pensei! O que está acontecendo? Quando me dei conta, a minha imagem estava no telão com a apresentação do locutor oficial do rodeio, anunciando que eu seria o artista responsável pelo visual do evento de 2001.
Eram cerca de 50 mil pessoas vibrando ao ouvir meu nome ecoar nos alto-falantes; não tive como recusar. Foi a intimação mais maravilhosa que eu já recebi.
Por um instante, pude ver que naquela festa faltava alguma coisa. A imagem de eventos deste tipo esta sempre vinculada aos Estados Unidos, à Austrália, ao Canadá; faltava “um toque de Brasil”. Então, mais uma vez, a coincidência de terem me chamado, o porquê deste convite tão especial.
Todos sabem do meu forte envolvimento com o Brasil e foi, a partir daí, que Barretos ganhou as cores do Brasil.
No dia seguinte, ao voltar de ponte aérea, já estava estampado, na primeira página de um dos principais jornais de São Paulo, o anúncio da minha nova tarefa.
Foi realmente incrível. Nascia ali mais um visual da década em que o Brasil tomou conta do meu design. Teve o voluntariado, a comemoração dos 500 anos do Brasil, a Amazonas Filarmônica e tantos outros.
Participar do segundo maior rodeio do mundo, e dando a ele a cara do Brasil, era tudo o que eu queria naquele momento.