Terra dos Sonhos



A convite do Instituto das Artes do Pará, órgão do governo daquele estado, estive em Belém, por quase uma semana, para lançar lá o meu novo livro. Como a parte mais importante de “O Homem que Venceu Getulio Vargas” se passa na capital paraense e revela fatos quase esquecidos, despertou o interesse de historiadores e jornalistas.
Acrescente-se o fato de ter dado longa entrevista na televisão, quando então expus a omissão da história oficial sobre o único governador do Brasil que derrotou Getulio na Revolução de 1930, encerrando um capítulo da transição da República Velha para o Estado Novo.

Esse homem era Eurico Freitas Valle, meu avô, meu professor de Direito e meu mestre na vida. Surpreendentemente, após a minha palestra no Instituto das Artes, vários jornais paraenses trouxeram em suas páginas debates sobre aqueles acontecimentos. A própria universidade do Estado do Pará arrancou de seus arquivos fotos e notícias que ilustraram os debates conduzidos pelo sr. Tito Barata, diretor do instituto. Recebi também velhos livros contando a mesma história, um tanto diferente dos meus escritos, mas igualmente verdadeiros.

Um dos momentos mais emocionantes foi encontrar o meu velho parceiro musical Galdino Penna, o capitão Galdino, que me presenteou com seu CD “O Canto da Amazônia”. Capitão Galdino, grande compositor, andou aqui pelo Rio há muitos anos, e fizemos algumas canções, entre elas “Vá com Deus”, que ele canta em seu disco, com sua voz rascante e personalíssima. Que encontro! Hoje, ele percorre a Amazônia com seu violão e seu canto. Combinamos novas parcerias, o que me dará motivo para ir novamente a Belém, esta linda cidade que tão bem nos recebeu, a mim e à minha mulher. Despedi-me do Pará, lembrando as palavras de seu grande poeta, Ruy Barata:

“Um homem é terra de sonhos, Sonho é mundo a decifrar”.