SICILIA

Fizemos uma excelente viagem de bicicleta pela Sicilia, sul da Itália. Durante cinco dias, quase todo o tempo subindo e descendo, pedalamos cerca de quinhentos quilômetros.
Começamos em Siracusa, pequena cidade de praia, onde comemos deliciosos peixes fritos no azeite, acompanhados dos vinhos da região siciliana, os famosos Nero D’avola.
Depois, passamos para Ragusa, entre vales e em estradas de terra, que são sempre as preferidas dos ciclistas de mountain bike.

Infelizmente, embora a turma fosse experiente, uma moça derrapou, em uma curva descendente, e machucou-se com alguma seriedade, o que a impediu de prosseguir a viagem.
Após uma árdua subida, iniciamos uma longa descida que nos levou a Modica, que se caracteriza por sua arquitetura barroca. Chegamos cansados e famintos e, literalmente, devoramos o jantar oferecido.

No dia seguinte, partimos para Agrigento, na minha opinião a mais bela cidade do caminho. Parece incrível, mas aqui ainda estão de pé, e em relativo bom estado, templos gregos. Encontramos muitos arqueólogos entregues a estudos da região. Aliás, a Sicília, em épocas remotas, já foi invadida por gregos, fenícios e árabes, que deixaram profundas marcas em sua cultura. 

Em seguida, pedalamos para Mazara, onde mais se percebe a influência árabe. É como se fosse uma viagem no tempo, pois nessa região ainda se encontram vestígios da Idade Média.
Dormimos no Kempinski Giardino di Costanza, onde recebemos a noticia que a ciclista que sofrera uma queda havia fissurado a bacia, mas estava se recuperando.
No dia seguinte, seguimos para Palermo, onde terminou a nossa pedalada.
Como bem observou minha mulher, que conhece a Itália como poucos, a Sicilia é a parte mais pobre da Itália, sobretudo com a crise europeia, mas é uma das mais ricas culturalmente. Por isso mesmo, é decepcionante saber que regiões mais ricas da Itália, como a Lombardia, querem se separar do sul da “Bota”. Seria uma pena, porque a Itália perderia a metade de sua beleza.
Você há de perguntar: e a máfia ainda existe? Existe, mas não vimos nada. 

Paulo Sérgio Valle