Orixás femininos – mães da natureza




Os orixás femininos são deusas africanas que correspondem a pontos de força da Natureza, e os seus arquétipos estão relacionados às manifestações dessas forças. As características de cada orixá se aproximam com as dos seres humanos, pois elas se manifestam através de emoções, como acontece conosco. Sentem raiva, ciúmes, amam em excesso, são passionais. Cada orixá tem ainda seu sistema simbólico particular, composto de cores, comidas, cantigas, rezas, ambientes, espaços físicos e até horários.


Iansã - Iansã, ou Oyá, é um orixá cuja figura, no Brasil, é sincretizada com Santa Bárbara, católica. Oyá, a deusa Iansã, foi mulher de Ogum e depois de Xangô, seu verdadeiro amor. Xangô roubou-a de Ogum. O nome Iansã é um título que Oyá recebeu de Xangô que a chamava de Iansã, pois dizia que Oyá era radiante como o entardecer ou como o céu rosado e é por isso que o rosa é sua cor por excelência. Guerreira e poderosa, mãe dos eguns, guia dos espíritos desencarnados, senhora dos cemitérios, Iansã é o vento, a brisa que alivia calor. Oyá é o raio, a beleza deste fenômeno natural. Ela está presente no ato simples de acendermos uma lâmpada ou uma vela, energia viva, pulsante e vibrante. Iansã também é dona das paixões, sentimento de loucura que cria desejos mais fortes que a razão. Deusa da espada de fogo, Iansã é a rainha dos raios, dos ciclones, furacões, vendavais, orixá do fogo. 

A tempestade é o poder manifesto de Iansã, rainha dos raios, das ventanias, do tempo que se fecha sem chover. Iansã é uma guerreira por vocação, sabe ir à luta e defender o que é seu, a batalha do dia a dia é a sua felicidade. Ela sabe conquistar, seja no fervor das guerras, seja na arte do amor. Mostra o seu amor e a sua alegria contagiante na mesma proporção que exterioriza a sua raiva, o seu ódio. Dessa forma, passou a identificar-se muito mais com todas as atividades relacionadas com o homem, que são desenvolvidas fora do lar; portanto não aprecia os afazeres domésticos, rejeitando o papel feminino tradicional. Iansã é a mulher que acorda de manhã, beija os filhos e sai em busca do sustento. Dia: quarta-feira; cores: marrom, vermelha e rosa; símbolos: espada e eruexin; elementos: ar em movimento, qualquer tipo de vento, fogo; domínios: tempestades, ventanias, raios; saudação: Epahei!

Oxum – Mãe das águas doces, rainha das cachoeiras, deusa da candura, dona do ouro. Orixá da prosperidade e da riqueza, ligada ao desenvolvimento da criança ainda no ventre da mãe. Em Oxum, os fiéis buscam auxílio para a solução de problemas no amor, uma vez que ela é a responsável pelas uniões. Na natureza, o culto a Oxum costuma ser realizado em rios e cachoeiras. Oxum é símbolo da sensibilidade e, muitas vezes, derrama lágrimas ao ser incorporada em alguém, característica que se transfere a seus filhos, identificados por chorões. Seus filhos e filhas são doces, sentimentais, agem mais com o coração do que com a razão e são muito chorões. 

Também são extremamente vaidosos e conquistadores, adoram o luxo, a vida social, além de sempre estarem namorando. Oxum exerce uma ampla influência no comportamento de seus filhos, regendo o lado teimoso e manhoso. Rege o charme, o it, a pose. Tudo que está ligado à sensualidade, à sutileza, ao dengo. É o flerte, o namoro, a paquera, o carinho. Sendo a divindade africana mais ligada, Yámi, feiticeira e bruxa, aprendeu a arte da magia e isto faz com que seus filhos sejam poderosos nesta arte. Dia: sábado; data: 8 de dezembro; metais: ouro, cobre e bronze; cor: amarela; comida: omolocum e banana frita; simbolo: abedê.

Iemanjá – A majestade dos mares, senhora dos oceanos, sereia sagrada considerada mãe de todos os orixás. Regente absoluta dos lares, das famílias, deusa das pérolas, aquela que ampara os bebês na hora do nascimento. Iemanjá está presente nas decisões diárias, na preocupação com as pessoas queridas, é a manutenção da harmonia do lar. Está presente também no nascimento, pois é ela quem vai aparar a cabeça do bebê, exatamente no momento do seu nascimento. Se Exu fecunda e Oxum cuida da gestação, é Iemanjá quem vai receber aquela nova vida no mundo e entregá-la ao seu regente, que, inclusive, pode ser até ela mesma. Isto tem uma importância muito grande, no sentido e na visão da cultura africana, sobre a fecundação e concepção da vida humana. Iemanjá é a senhora dos lares, pois, desde o nascimento, ou a partir do nascimento, ela cuidará da família. Daí o titulo de Iyá (mãe), melhor, Iyá – Ori (mãe da cabeça) e plasmadora de todas as cabeças; aquela que gera o Ori, que dá o sentido da vida e nos permite pensar, raciocinar, viver normalmente como seres pensantes e inteligentes. Iemanjá está presente nos mares e oceanos. 

É a senhora das águas salgadas e será ela que proporcionará boa pesca nos mares, regendo os seres aquáticos e provendo o alimento vindo de seu reino. Iemanjá é a onda do mar, o maremoto, a praia em ressaca, a marola, É ela quem controla as marés, é ela quem protege a vida no mar. Filha de Olokun, Iemanjá nasceu nas águas. Teve três filhos: Ogum, Oxossi e Exu. Sozinha Iemanjá vivia, mas sabia que seus filhos seguiam seus destino e que não podia interferir na vida deles, já que os três eram adultos. Dia: sábado; data: 2 de fevereiro; metal: prata; cores: branca e azul; comida: canjica branca, manjar de leite de coco, arroz e peixe de água salgada.

Nanã – Nanã, a deusa dos mistérios, é uma divindade de origem simultânea à criação do mundo, pois quando Odudua separou a água parada, que já existia, e liberou do “saco da criação” a terra, no ponto de contato desses dois elementos formou-se a lama dos pântanos, local onde se encontram os maiores fundamentos de Nanã. Senhora de muitos búzios, Nanã sintetiza em si morte, fecundidade e riqueza. O seu nome designa pessoas idosas e respeitáveis, significa “mãe”. 

Sendo a mais antiga das divindades das águas, ela representa a memória ancestral do nosso povo: é a mãe antiga por excelência. É mãe dos orixás Iroko, Obaluaiê e Oxumaré. Nanã é o princípio, o meio e o fim; o nascimento, a vida e a morte. Ela é a origem e o poder. Entender Nanã é entender o destino, a vida e a trajetória do homem sobre a Terra, pois Nanã é a História. Nanã é o começo porque Nanã é o barro e o barro é a vida. Nanã é a dona do axé por ser o orixá que dá a vida e a sobrevivência, a senhora dos ibás que permite o nascimento dos deuses e dos homens. Nanã, a mãe maior, é a luz que nos guia, o nosso quotidiano. Conhecer a própria vida e o próprio destino é conhecer Nanã, pois os fundamentos dos orixás e do Candomblé estão ligados à vida.

 A nossa vida é o nosso orixá. Os filhos de Nanã são pessoas extremamente calmas, tão lentas no cumprimento das suas tarefas que chegam a irritar. Agem com benevolência, dignidade e gentileza. As pessoas de Nanã parecem ter a eternidade à sua frente para acabar os seus afazeres; gostam de crianças e educam-nas com excesso de doçura e mansidão, assim como as avós. São pessoas que no modo de agir e até fisicamente aparentam mais idade. Dia: terça-feira; cores: anil, branca e roxa; símbolo: bastão de hastes de palmeira (Ibiri); elemento: terra, água, lodo; domínios: vida e morte, saúde e maternidade; saudação: Salubá!

Obá – Divindade feminina, guerreira que às vezes é também citada como caçadora. Irmã de Óya (Iansã). Esposa de Ogum e, posteriormente, terceira e mais velha mulher de Xangô. Obá é um Orixá ligado à água, guerreira e pouco feminina. As suas roupas são vermelhas e brancas, usa um escudo, uma espada e uma coroa de cobre. O tipo psicológico dos filhos de Obá constitui o estereótipo da mulher de forte temperamento, terrivelmente possessiva e carente, é mulher de um homem só, fiel e sofrida. São combativas, impetuosas e vingativas. Obá é um orixá que raramente se manifesta e há pouco estudo sobre ela. 

Obá é a mulher consciente do seu poder, que luta e reivindica os seus direitos, que enfrenta qualquer homem – menos aquele que tomar o seu coração. Ela abraça qualquer causa, mas rende-se a uma paixão. Obá é a mulher que se anula quando ama. Obá filha de Iemanjá e Oxalá. Em toda a África, Obá era cultuada como a grande deusa protetora do poder feminino. Era uma mulher forte, que comandava as demais e desafiava o poder masculino. Embora Obá se tenha transformado num rio, é uma deusa relacionada ao fogo. Obá é saudada como o Orixá do ciúme, mas não se pode esquecer que o ciúme é o corolário inevitável do amor, portanto, Obá é um Orixá do amor, das paixões, com todos os dissabores e sofrimentos que o sentimento pode acarretar. Obá tem ciúme porque ama. 

Como pode uma deusa ligada a esses sentimentos, dedicar-se à guerra? Toda a energia das suas paixões frustradas é canalizada por ela para a guerra, tornando-se a guerreira mais valente, que nenhum homem ousa enfrentar. Obá supera a angústia de viver sem ser amada. Obá troca um palácio por uma cabana, troca todas as riquezas do mundo por uma frase: “Eu te amo”. Os filhos de Obá não têm muito jeito para se comunicar com as pessoas, chegam a ser duros e inflexíveis. 

Têm dificuldade em ser gentis e estabelecer um canal de comunicação afetiva com os outros; às vezes são brutos e rudes, afastando as pessoas. Isso se deve ao fato de os filhos de Obá, na maioria das vezes, sofrerem um certo complexo de inferioridade, achando que as pessoas que se aproximam querem tirar partido de alguma coisa, o que tende a acontecer. 

A sua sinceridade chega a ferir; expressam as suas opiniões, fazem críticas e acabam por magoar as pessoas, pois não se preocupam em ser agradáveis. Mas essa agressividade é puramente defensiva. São bons companheiros e amigos fiéis, são ciumentos e possessivos no amor e, por isso, não têm muita sorte. Quando apaixonados, nunca são senhores da relação, cedem em tudo, abdicam de todas as suas convicções. Algumas vezes infelizes no amor, investem todas as suas cartas nas suas carreiras e, de entre as mulheres que se destacam profissionalmente numa sociedade machista, podemos encontrar muitas filhas de Obá excelentes juízas, advogadas, comandando quartéis etc. Muitas vezes, despertam a inveja dos seus inimigos e podem sofrer algumas emboscadas; por isso, devem vencer a tendência que possuem para a ingenuidade. Dia: quarta-feira; cores: marron-raiada, vermelha e amarela; símbolos: ofange (espada) e escudo de cobre, ofá (arco e flecha); elementos: fogo e águas revoltas; domínios: amor e sucesso profissional; saudação:

 Obá Siré!