PELO MUNDO






Às vezes alguém me pergunta qual foi a melhor viagem de bicicleta que já fiz. A primeira coisa que me vem à cabeça é o Marrocos, com as montanhas Atlas, com seus desertos, com os camelos, com seu misterioso povo, com sua cultura árabe mesclada com tradições francesas, espanholas e portuguesas.

Depois, me lembro da que fiz pelo Cariri e outras regiões inóspitas no sertão da Paraíba. Jamais esquecerei os espinhos do xic-xic, que furaram seis pneus da bicicleta da minha mulher (ainda bem que levávamos muitas câmaras). Nada, no entanto, que ofuscasse o deslumbramento com a beleza daquelas terras.
Mas, acho incomparável viajar pela Espanha, país que, ao lado do progresso, mantém suas tradições medievais.

Passar de bicicleta por Pamplona, no dia de San Firmino, é uma loucura. A população enlouquecida corre à frente, atrás e ao lado dos touros pelas ruas da bela cidade.
A melhor coisa que o ciclista pode fazer é guardar a bicicleta e se esconder em algum lugar seguro, se é que existe.

Outro barato é a região de Alicante, nas festas dos “Mouros contra Cristãos”. Seus habitantes constroem bonecos gigantescos, espalhados pela cidade, e depois ateiam fogo neles. Os bombeiros se espalham por todos os cantos, mas não conseguem evitar os incêndios.
Enquanto isso, grupos rivais fazem verdadeiras batalhas lançando espadas de fogo uns contra os outros.  É claro que muita gente sai queimada e vai parar nos hospitais.
É aquilo que na cultura (?) local se chama “ogueras”. 

O Caminho de Santiago tem também ingredientes medievais, já que é uma rota de penitência, e muita coisa foi mantida exatamente como era ao tempo dos primeiros peregrinos. Mas também não posso esquecer a Itália, sobretudo Siena, na Toscana.
Recordo-me que chegamos no dia em que festejavam o “Palio”. Trata-se de uma corrida de cavalos pelas ruas daquela charmosa cidade. 

O curioso é que cada cavalo pertence a uma agremiação, e seus torcedores enchem a cara, impedindo a passagem de carros e bicicletas. Mas a alegria é contagiante.
Contudo sabem qual é a maior das alegrias? Viajar de bike. Não tem nada igual.
Em outubro, pedalaremos na Sicília.