Atenção para o território das Vargens



A ocupação das Vargens, sem promover a garantia de estarmos livres de inundações, é preocupante. Faz-se urgente a melhoria da rede de drenagem e de dragagem dos corpos hídricos da nossa bacia hidrográfica. Vivenciamos uma gradual perda ambiental, vale dizer, sobre porções do território, em especial nessa região, que pode ser citada como uma das preocupantes consequências nefastas previsíveis, pondo em risco os que lá habitam. 

A transformação em área urbana nos terrenos de baixada definidos legalmente como área de vargens, área de acomodação de águas pluviais, é onde a grande quantidade de aterros deve ser melhor controlada e com intervenções estruturais de drenagem bem planejada, para minimizar os impactos de chuvas mais fortes, impedindo acesso nas novas habitações e inundações nas comunidades vizinhas. Os dados indicam um avanço acelerado da área urbanizada sobre zonas frágeis, sem a devida precaução. Urge uma melhor proteção da flora/fauna, dos mananciais que vertem dos maciços da Tijuca e Pedra Branca, dos rios e lagoas que são definidas como tal, por leis ambientais estaduais/municipais/federais, bem como pela própria legislação municipal de parcelamento, uso e ocupação do solo. 

Faltam políticas públicas e campanhas que busquem ensinamentos e intensa participação da população local para o cuidado e conservação/preservação dos seus recursos naturais. Nossa região aumenta seus perímetros urbanos casuisticamente, ou criam figuras jurídicas para contemplar um mercado para famílias de rendas médias e altas, facilitando estruturas de condomínios fechados, com suas porteiras e seguranças, em detrimento de uma política integradora comunitária. As áreas verdes ficam cada vez mais ilhadas entre muros, perdem-se nossa flora/fauna, as praças, parques e os espaços públicos de encontros, de convivência, de cidadania. O bom senso nos leva à certeza de que a expansão urbana tem que ser melhor planejada, de forma que a infraestrutura necessária acompanhe o crescimento da região.

 Temos que trabalhar unidos no nosso SUBCOMITÊ  DA BACIA HIDROGRÁFICA, de acordo com a proposta do prof. David Zee: "desenvolver um mapeamento qualitativo das áreas potenciais de acidentes ambientais (fragilidades) é a primeira intervenção a ser feita. A seguir, diagnosticar os cenários ambientais extremos passíveis de ocorrer em função da evolução dos fenômenos climáticos, tais como as ressacas, as chuvas, o calor e os ventos. Por fim, avaliar o grau de exposição das inúmeras áreas densamente ocupadas, pelas forças climáticas. A interação entre as fragilidades de cada  local, com os diversos cenários climáticos e com o grau de exposição de cada local analisado compõe  o nível de risco de acidentes ambientais. O mosaico de riscos ou sensibilidade a acidentes ambientais compõe o mapeamento de riscos ambientais de uma determinada região. Sem este mapeamento diagnóstico fica muito difícil realizar um planejamento eficaz para a adaptação da cidade a uma nova realidade ambiental para a Baixada de Jacarepaguá na próxima década".
 
Além disso, temos graves problemas com a mobilidade; existe ainda a crescente violência urbana; a saúde pública em estado crítico, principalmente na atenção básica; a ausência de saneamento nas comunidades de baixa renda e loteamentos irregulares; a redução de áreas verdes e arborização, a má gestão de resíduos e a educação ambiental sem a devida prioridade. Uma expansão desenfreada que ocorre sem o devido planejamento de infraestrutura ou controle porque nossos governantes compõem com o mercado imobiliário em torno de uma falsa ideia de que crescer em expansão urbana significa melhor qualidade de vida.

Meio Ambiente com Donato Veloso