Capítulo 1 – Estados Unidos
da América – Parte 6
1930/1939 – A DÉCADA DE GRANDES PRODUÇÕES
(Continuação)
Selecionamos seis destaques para 1932:
– Ladrão de alcova, de Ernst Lubitsch,
sutil comédia sofisticada sobre um casal de ladrões que vê perigar sua relação
quando aparece charmosa vítima; – O
fugitivo, de Mervyn Leroy, que, por sua conotação social, abalou a
opinião pública, obrigando a reforma de muitos sistemas penitenciários; conta a
história de um homem injustamente acusado de um crime (Paul Muni) que é
condenado a trabalhos forçados, mas escapa e torna-se um criminoso para
sobreviver; – Ama-me esta noite,
de Rouben Mamoulian, um dos mais benfeitos e encantadores musicais; mistura
romance, comédia e sofisticação; trilha sonora com canções de Rodgers e Hart,
na voz de Maurice Chevalier e Jeanette MacDonald; – Uma loura para três,
de Lowell Sherman, com a irreverente e opulenta loura Mae West (1892-1980),
famosa por seus problemas com a censura, em mais um filme polêmico em que
exalta suas qualidades e habilidades sexuais (alguns dizem que este filme
acelerou a criação – pelos bispos americanos, por apelo do Papa – da
Legião da Decência nos EUA); – Grande Hotel, de Edmund Goulding,
o ganhador do Oscar do ano, reuniu Greta Garbo, Joan Crawford, John Barrymore,
Wallace Beery, Lionel Barrymore, Lewis Stone e outros em uma série de dramas
interligados num hotel de Berlim onde “nada acontecia”...; – “Entrega a
domicílio” (sic), curta de Laurel e Hardy foi premiado com o Oscar da
categoria.
Em 1933, destacamos sete filmes:
– King Kong,
de Merian C. Cooper e Ernest B. Schoedsack, clássico de aventura, pioneiro na
criação e uso de efeitos especiais, inigualáveis por décadas. Com uma clara
analogia ao tema de A bela e a fera, tem sequências antológicas, como a
luta do gigantesco macaco contra os aviões,
no topo do Empire State Building; – Diabo
a quatro, de Leo McCarey, uma diversão garantida, com os Irmãos Marx em
suas melhores cenas: Groucho é “Rufus T. Firefly”, primeiro-ministro da
“Freedonia”, que declara guerra à vizinha “Sylvania”; Zeppo está impagável como
seu ajudante de ordens; os irmãos Harpo e Chico figuram como espiões
inimigos; notáveis sequências de humor, como a do espelho, a dos tiros e a da
barraca de limonada, entre outras; – Cavalgada,
de Frank Lloyd, uma nostálgica reconstituição da vida de duas famílias
inglesas, do final do século XIX até o início dos anos 1930 é uma dura crítica
da guerra e dos sobressaltos dela advindos. Ganhou o Oscar de filme, diretor e
decorações interiores; – Rua 42, de Lloyd Bacon, musical
sobre a Broadway que tem seu ponto alto na sensacional coreografia do mestre
Busby Berkeley, foi indicado para o Oscar; – Filhos do deserto, de William A. Seiter, considerado o
melhor longa-metragem de Laurel e Hardy (o gordo e o magro). Stan e Ollie
enganam as esposas, dizendo que vão para o Havaí a fim de curar uma doença em
Ollie, mas, na verdade, vão para Chicago farrear em uma convenção
exclusivamente masculina; só que elas descobrem a farsa e a encrenca começa...;
– Jantar às oito, de George Cukor, ótima comédia sofisticada, com
grande elenco da constelação MGM, mostra a reunião de diferentes pessoas
convidadas para um jantar de sociedade e os diálogos daí resultantes; Jean
Harlow, a “platinum blonde”, destacou-se por sua atuação. O filme teve
um remake para a TV a cabo, em 1989, com Lauren Bacall; – Quatro
irmãs, de George Cukor, cativante adaptação cinematográfica do romance
de Louisa May Alcott, conta as aventuras de quatro jovens na Nova Inglaterra,
durante a Guerra Civil Americana. Ganhou o Oscar de melhor roteiro adaptado.
Temos quatro destaques para
o ano de 1934:
– Aconteceu naquela
noite, de Frank Capra, clássica comédia romântica, foi o primeiro filme
a ganhar os cinco principais Oscar: filme, ator, atriz, diretor e roteiro. Rica
(e mimada) herdeira (Claudette Colbert) foge de casa, conhece num ônibus um
tipo bonitão (Clark Gable), viajam pelo país e ela vai se apaixonando e
descobrindo a vida, sem saber que ele é um repórter e pretende escrever sobre a
história de sua fuga; – Suprema conquista, de Howard Hawks,
comédia amalucada: diretor egomaníaco transforma caixeira em grande estrela do
teatro; no auge da carreira, ela o deixa; numa viagem de trem, onde se
encontram novamente, ele faz tudo que está ao seu alcance para tê-la de volta;
– Rainha Christina, de Rouben Mamoulian; Greta Garbo, em
excepcional forma, personifica a rainha da Suécia que, no século XVII, renuncia
ao trono para viver com o embaixador espanhol, seu amante; – A ceia dos acusados
(The Thin Man), de W. S. Van Dyke, filme policial que mistura comédia e
mistério, inspirado em história de Dashiell Hammett. Seu sucesso inspirou uma
série de cinco filmes – não tão bons quanto o primeiro –, baseados na mistura
de comédia pastelão e mistério: After the Thin
Man
(1936), Another Thin Man (1939), Shadow of the
Thin Man (1941), The Thin Man goes home (1944) e Song of the Thin
Man (1947); detetive pinguço e esposa bêbada piadista são os protagonistas
da série.