Capítulo 1 – Estados Unidos
da América – Parte 7
1930/1939 – A DÉCADA DE
GRANDES PRODUÇÕES (Continuação)
Foram selecionados sete
filmes em 1935:
– O grande motim, de (Frank Lloyd), adaptação do
romance de Charles Nordhoff e James Norman Hall sobre o motim contra o sádico,
provocador e tirânico capitão Bligh (Charles Laughton, em espetacular atuação),
numa viagem do HMS Bounty pelos mares do sul; foi o ganhador do Oscar do ano;
–
David Copperfield, de George Cukor; baseado no romance de
inspiração autobiográfica de Charles Dickens, lançado em 1849, este filme reúne
um elenco brilhante, perfeita reconstituição de época, ótima fotografia e fiel
roteiro; relata a mudança na vida do jovem David, que vivia feliz ao lado da
mãe viúva, até ela se casar novamente;
– Uma noite na ópera, de
Sam Wood; os Irmãos Marx, desta vez entrando no mundo da ópera, em comédia que
alguns críticos consideram como a melhor do trio; aqui, eles batalham para
lançar um cantor desconhecido, destroçam um teatro, viajam clandestinamente em
um navio etc. Diálogo no navio: – “É permitida gorjeta neste navio?” – “Sim,
senhor”. – “Você tem duas moedas de cinco centavos?” – “Sim, senhor”. – “Então não precisa dos dez
centavos que eu ia lhe dar”. E por aí vai...;
– O Picolino, de
Mark Sandrich; a dupla Fred Astaire e Ginger Rogers, em outro excelente
musical, com belos números de dança e canto, como Cheeck to cheeck, Piccolino,
Top hat, White tie and tails e Isn’t this a lovely day to be
caught in the rain, além de outras canções de Irving Berlin;
– A
noiva de Frankenstein, de James Whale; continuação, à altura, do
clássico Frankenstein, de 1931; o fúnebre barão, agora obcecado na
criação de uma companheira para o monstro. Boris Karloff novamente em excelente
atuação;
– Lanceiros da Índia, de Henry Hathaway, obra-prima do
filme de aventuras extravagantes, passada em Bengala, império britânico
construído no noroeste da Índia; filme cheio de ação, com maravilhosos
cenários; embora seja uma obra fantasista, a diversão é garantida;
– Anna
Karenina, de Clarence Brown, versão luxuosa do romance de Leon Tolstoi,
passado na Rússia do século XIX; Greta Garbo faz a linda mulher casada que
enfrenta os maiores riscos por sua paixão proibida, desafiando as regras da
sociedade da época.
Destacamos apenas quatro
filmes em 1936:
– Tempos modernos, de Charles Chaplin, genial
sátira sarcástica sobre a industrialização, a desumanização e a luta pela
sobrevivência na sociedade moderna dos tempos da depressão; crítica, também, ao
descaso com que são tratados os operários e os deserdados da vida; obra-prima
com cenas inesquecíveis, como a da linha de montagem da fábrica e a em que
Carlitos é tido como líder grevista ao pegar uma bandeira vermelha que havia
caído de um caminhão. Último filme de Chaplin sem diálogos; são dele, ainda, o
roteiro, a história e a música (Smile, a canção-tema, tornou-se
imortal);
– Ritmo louco, de George Stevens, figura entre os
melhores musicais da dupla Fred Astaire e Ginger Rogers; canções inesquecíveis
de Jerome Kern e Dorothy Fields, como: Pick yourself up, A fine
romance e a vencedora do Oscar, The way you look tonight;
– O
galante mr. Deeds, de Frank Capra, mostra a moral e a decência de um
poeta do interior que pretende fazer, para pessoas carentes, a doação da
herança de vinte milhões de dólares que recebeu; o filme pretende fazer a
defesa dos valores sociais numa época em que os EUA estavam procurando
consertar sua situação econômica; em Portugal, o filme ficou com o nome de “Doido
com juízo”...;
– Fogo de
Outono, de William Wyler, ótima adaptação da obra de Sinclair Lewis, Dodsworth,
de 1929, que conta a história de industrial americano de meia-idade que vai
para a Europa com a esposa e ali encontra novos valores e novas amizades.
Cinco filmes se destacaram
em 1937:
– Branca de Neve e os sete anões, de Walt Disney;
baseado num conto dos irmãos Grimm, este é o primeiro longa-metragem de
animação; custou 700 mil dólares e teve na produção uma equipe de 570 artistas
que o redesenharam cerca de cinco vezes em busca da perfeição; sucesso mundial
pioneiro, ganhou um Oscar especial;
– Emile Zola, de William
Dieterle, considerado o melhor dos filmes biográficos dos anos 1930; exata
biografia do famoso escritor francês do século XIX, desde sua juventude até a
velhice; sua luta contra a injustiça e sua defesa do capitão Alfred Dreyfus,
vítima do antissemitismo e erroneamente exilado sob a falsa acusação de traição; ganhou o Oscar de filme, roteiro e ator
coadjuvante;
– Marujo intrépido,
de Victor Fleming; baseado no livro de Rudyard Kipling, Capitães corajosos,
de 1897, conta a história de um menino rico e mimado que cai de um navio, é
resgatado por um pescador português, passa a viver o dia a dia dos pescadores e
começa a moldar sua personalidade; notável interpretação de Spencer
Tracy, como Manuel, o pescador português, o que lhe valeu seu primeiro Oscar;
– Horizonte perdido, de Frank
Capra, adaptação do best-seller de James Hilton, de 1933, conta a
história de cinco fugitivos da Guerra da China cujo avião cai numa isolada
região do Tibete onde encontram Shangri-La, um paraíso utópico onde reina a
paz, a saúde, a longevidade e a felicidade; filme ganhou o Oscar de
cenários;
– O prisioneiro de
Zenda, de John Cromwell, a melhor versão do romance de Anthony Hope (já
adaptado em filmes de 1914 e 1922 e, após, em 1952 e 1979); inglês (Ronald
Colman) é obrigado a se fazer passar pelo rei da Ruritânia – seu primo que fora
sequestrado –, mas se apaixona pela princesa (Madeleine Carrol); ótima
atuação de Douglas Fairbanks Jr. como o vilão Rupert; o filme conta com boas
lutas de esgrima, além de belos vestuários e cenários.