BREVE HISTÓRIA DO CINEMA MUNDIAL


Capítulo 1 – Estados Unidos da América – Parte 8
1930/1939 – A DÉCADA DE GRANDES PRODUÇÕES (Continuação)

No ano de 1938, ressaltamos os seguintes: – Do mundo nada se leva, adaptação de um sucesso da Broadway, é um peculiar filme de Frank Capra, que procura, de modo bem-humorado, uma mistura de idealismo e sentimentalismo, mostrando a revolução que se processa na família de dois namorados que anunciam seu desejo de casar; ganhou os Oscar de filme e diretor;  – Levada da breca, de Howard Hawks, considerada, por muitos, a melhor comédia dos anos 1930; uma herdeira provocante e louca (Katharine Hepburn em sua primeira atuação como comediante) tem um leopardo de estimação, “Baby”; Cary Grant é o confuso e distraído zoólogo; caos total e ação intensa;  – As aventuras de Robin Hood, de Michael Curtiz e William Keighley, é um dos melhores filmes do gênero, numa versão clássica da famosa lenda dos livros de sir Walter Scott; a história, por todos conhecida, tem Errol Flynn no papel principal, Basil Rathbone como o maquiavélico xerife de Nottingham, Claude Rains como o príncipe João, Olivia de Haviland como o amor de Robin, Lady Marian, e Ian Hunter como o rei Ricardo Coração de Leão.

1939, O ANO DE OURO DA DÉCADA, teve os seguintes destaques: – No tempo das diligências, o clássico impecável de John Ford que inspirou e serviu de modelo a muitos outros filmes de faroeste, mostra o tenso relacionamento de heterogêneo grupo de passageiros de uma diligência e o contraste entre suas classes e valores sociais, em viagem por um território hostil, infestado de índios apaches, que acabam por atacá-los;  – ...E o vento levou, de Victor Fleming; em quase quatro horas de filme (222 minutos), a saga da bela e decidida sulista Scarlett O’Hara, por ocasião da Guerra Civil americana.

 Uma epopeia romântica meticulosamente produzida por David O. Selznick, com trilha sonora memorável; ganhou os Oscar de filme, diretor, roteiro, fotografia, atriz (Vivien Leigh), atriz coadjuvante (Hattie McDaniel), montagem e direção de arte;  – O mágico de Oz, de Victor Fleming, fantástica e encantadora fantasia musical com inesquecível trilha sonora e ótimos efeitos especiais; a história “além do arco-íris” da menina que é levada da casa dos tios por um ciclone para a lendária Terra de Oz, onde encontra o Homem de Lata, o Espantalho e o Leão Medroso; filme revelou o talento de Judy Garland e ganhou os Oscar de melhor canção (Over the rainbow) e trilha sonora; “Um perfeito elenco na perfeita fantasia”, segundo Leonard Maltin, em seu Movie and video guide, edição 2001;  – A mulher faz o homem, de Frank Capra; político honesto e idealista (James Stewart) é enviado a Washington e consegue derrotar um corrupto membro do Senado americano (Claude Rains); exaltação aos valores da decência e da honestidade que guarda certa relação com a história de O galante mr. Deeds (1936), do mesmo diretor e com Gary Cooper como protagonista;  – Ninotchka, de Ernst Lubitsch, comédia sofisticada, primeira de Greta Garbo e que ficou famosa pela propaganda da MGM, na época, que dizia: “Garbo ri”; é uma crítica espirituosa aos regimes totalitários; Garbo faz a fria agente russa que vai a Paris em busca de três comissários de seu país, mas acaba se rendendo aos encantos de matreiro conde playboy (Melvin Douglas), que está atrás das joias de uma grã-duquesa (Ina Claire), também procuradas pelos três funcionários soviéticos; esta obra foi refilmada como comédia musical em 1957, com o título de Meias de seda, último filme de Rouben Mamoulian;  – Atire a primeira pedra, de George Marshall, faroeste satírico e divertido onde se misturam drama, música e comédia; xerife (James Stewart) pretende limpar tumultuada cidade sem empregar violência e envolve-se com turbulenta dona de um saloon (Marlene Dietrich);  – Gunga Din, de George Stevens, grande clássico do cinema de aventura cômica, baseado em poema de Rudyard Kipling; na Índia do século XIX, as aventuras de três soldados ingleses que enfrentam nativos hindus, ajudados por um carregador de água (Gunga Din);  – O morro dos ventos uivantes, de William Wyler, foi eleito o filme do ano, pela Associação de Críticos de Nova York, grande feito, em um período de ótimas produções; tido como a melhor adaptação da obra-prima de Emily Brontë (o maior romance do Romantismo inglês), mostra a trágica e violenta história de amor passada numa casa açoitada por ventos na Inglaterra pré-Vitoriana.

Além desta seleção, outros bons filmes da década foram: –1930: Os galhofeiros (direção de Victor Heerman), Anna Christie (dir. Clarence Brown), Anjos do Inferno (dir. Howard Hughes), Alma do lodo (Mervyn Le Roy), Marrocos (Josef Von Sternberg); –1931: O campeão (King Vidor), Drácula (Tod Browning), A última hora (Lewis Milestone), O inimigo público (William Wellman); –1932: Vítimas do divórcio (George Cukor), O médico e o monstro (Rouben Mamoulian), Monstros (Tod Browning), Os gênios da pelota (Norman Z. McLeod), Terra de paixões (Victor Fleming), Scarface – A vergonha de uma nação (Howard Hawks); A múmia (Karl Freund); –1933: Voando para o Rio (Thornton Freeland), Belezas em revista (Lloyd Bacon), Cavadoras de ouro (Mervin Le Roy), Santa não sou (Wesley Ruggles), O homem invisível (James Whale); –1934: Mulheres e música (Ray Enright), Alegre divorciada (Mark Sandrich); O gato preto (Edgar G. Ulmer); A patrulha perdida (John Ford); –1935: O delator (John Ford), Capitão Blood (Michael Curtiz); Duas almas se encontram (Howard Hawks); –1936: Fúria (Fritz Lang), Floresta petrificada (Archie Mayo), A cidade do pecado (W.S. Van Dyke), O prisioneiro da Ilha dos Tubarões (John Ford), Irene, a teimosa (Gregory La Cava); Lloyds de Londres (Henry King); Sossega leão (Our relations, curta de Laurel e Hardy); –1937: A dama das camélias (George Cukor), Nasce uma estrela (William Wellman), Uma dupla do outro mundo (Norman V. McLeod), Um dia nas corridas (Sam Wood), Beco sem saída (William Wyler), Nada é sagrado (William A. Wellman); Dois caipiras ladinos (curta de Laurel e Hardy); –1938: A ceia dos veteranos (John G. Blystone), Anjos de cara suja (Michael Curtiz), A patrulha da madrugada (Edmund Goulding), Boêmio encantador (George Cukor), Jezebel (William Wyler), Belinda (Jean Negulesco); –1939: Beau geste (William A. Wellman), Adeus, mr. Chips (Sam Wood), Vitória amarga (Edmund Goulding), O cão dos Baskervilles (Sidney Lanfield), O corcunda de Notre Dame (William Dieterle), A mocidade de Lincoln (John Ford), Ao rufar dos tambores (John Ford) e Intermezzo, uma história de amor (Gregory Ratoff).

Nelson Barboza