PALAVRAS DA CÚPULA

O que está acontecendo em nossa sociedade?
Em impressionante reportagem, a revista Veja, do dia 8 deste mês, sob o título “Os órfãos da impunidade”, aborda, de modo impactante, o outro lado da extrema violência praticada por menores de 18 anos, acobertados por leis capengas e retrógradas que beneficiam mais os criminosos sem escrúpulos do que as pessoas dignas e honestas que trabalham e lutam por uma vida melhor.

O foco da reportagem é a “geração invisível de vítimas jovens do crime no país”, representada por “milhares de crianças e adolescentes brasileiros que perderam os pais para as balas assassinas de criminosos, muitos deles menores de idade que destruíram famílias inteiras e nunca pagaram devidamente por seus atos”.
A revista focaliza, ainda, o paradoxo da existência de centenas de entidades de direitos humanos dedicadas a minimizar a responsabilidade dos facínoras e apenas pequena quantidade das que se dedicam a vítimas, numa hedionda e inexplicável inversão de valores.

É analisada também a crueldade dos criminosos, que roubam, torturam e matam vítimas indefesas não porque precisam, mas porque podem, resguardados pela legislação penal favorável, com penas brandas, atenuantes das mais diversas e até impunidade, ressaltando que tal comportamento não pode ser mais perdoado pela idade ou condições sociais dos criminosos.

Mostrando uma verdade aterradora, a revista qualifica de intolerável o fato de que os bandidos de qualquer idade, após cometerem seus crimes contra inocentes desarmados, sabem que logo aparecerão seus defensores, pondo a culpa na sociedade, na má qualidade da educação ou nas injustiças do capitalismo.
Há, ainda, o auxílio reclusão, concedido a cerca de 40 mil presos brasileiros, que aumentou 550% de 2000 a 2012. Para os familiares das vítimas das atrocidades não existe nada similar. É preciso ressaltar que não somos contra o benefício para os filhos dos detentos, pois eles não têm culpa se o pai (ou mãe) cometeu atos contrários à vida social. O mais correto seria estender esse auxílio também às vítimas de famílias mais necessitadas, que ficaram sem o seu principal provedor de bens e alimentos.

A sociedade fica ainda mais perplexa depois de ver juízes soltarem elementos perigosos, baseados em firulas de leis ultrapassadas, sem usar do bom senso que deveria ser inerente à sua autoridade. Acrescente-se a isso a defesa de certa mídia televisiva, ao fazer tremendo estardalhaço quando a Polícia persegue e mata bandidos em fuga.

É o samba do crioulo doido. A sociedade está inquieta, estressada. Alguma coisa precisa ser feita. Alô, governantes!