Talvez
seja um dos capítulos mais controvertidos da nossa alimentação, porque esbarra
sempre no que é mito, realidade, aceitação, educação alimentar e não aceitação
de que as queixas de má digestão ou excesso de gases possam ser, e quase sempre
o são, por distúrbios nas contrações intestinais, a famosa e frequente SÍNDROME
DO INTESTINO IRRITÁVEL, em que o individuo usa o intestino como órgão de choque
dos seus conflitos emocionais e vivenciais.
Começa-se,
então, a procurar um vilão ou um culpado, já que se tornou voz corrente que os
desequilíbrios da nossa vida afetiva, profissional e familiar são sinônimos de
doença psiquiátrica e, para então rejeitar esse “diagnóstico”, inicia-se, por
conta própria ou por alguém especializado em alguma coisa, uma série de
restrições alimentares, fazendo dieta vegetariana, culpando a intolerância à
lactose do leite, aos alimentos com glúten, abolindo certos grupos alimentares,
ou, o que é mais absurdo ainda, diante de nossos conhecimentos e tecnologia,
tratar de todos os indivíduos com esses sintomas com medicação para vermes,
seja periodicamente ou anualmente, levando a melhoras momentâneas, para, logo
em seguida, ter de volta todo o cortejo sintomático.
Temos
sempre que lembrar que existem ótimos recursos confiáveis para descartar
vermes, intolerância à lactose e ao glúten, e para eliminar, como fator causal
das queixas, alguma doença orgânica, já que sabemos que os distúrbios
funcionais, de uma maneira geral e especialmente os digestivos, são diagnosticados
após a eliminação de qualquer causa orgânica. Temos que respeitar as
dificuldades genéticas da digestão para determinados grupos alimentares. Isso
varia de pessoa para pessoa, e cada um de nós já sabe quais são esses
alimentos, porque associa o passar mal com a ingestão de determinada comida,
causando mal-estar durante muitas horas.
Dentre
esses, os mais frequentes são:
ALHO-CEBOLA-PIMENTÃO-AZEITONA-PEPINO-MAXIXE-JILÓ-PIMENTA-MOLHOS.
As
manifestações para as quais se procura uma solução ou explicação resumem-se a:
dispepsia (má digestão, com sensação de que “comeu um boi”), eructações,
excesso de gases, náuseas, alterações no funcionamento intestinal
(especialmente um tipo de cólon irritável, que cursa com aceleração do
trânsito, eliminando fezes pouco ou nada formadas, fragmentadas).
Os
estudos mais recentes estão mostrando o papel importante que o intestino
delgado exerce, a PERMEABILIDADE INTESTINAL, capaz de retirar o excesso de
gases enviando-o para o pulmão (e ainda absorver dois neurotransmissores
secretados aí, que são da maior importância: a SEROTONINA E A DOPAMINA). Esta
permeabilidade fica alterada pelo surgimento de contrações anômalas a esse
nível, gerando todo o desconforto e alterando sobremodo o funcionamento da
absorção e da eliminação – é a síndrome diarreica, tão frequente e tão
incomodativa e limitante, por gerar uma total insegurança.
Logo,
frente aos distúrbios digestivos bastante incomodativos e antes de começar a
agir por conta própria, procure um gastroenterologista, que ele certamente
saberá como caracterizar, afastar, definir, orientar e corrigir os seus
sintomas.
Dr José Figueiredo Penteado