BREVE HISTÓRIA DO CINEMA MUNDIAL

Capítulo 1 – Estados Unidos da América – Parte 10
OS GRANDES FILMES NORTE-AMERICANOS DA DÉCADA DE 1940 (continuação)

Ainda no ano de 1941, destacamos:
– Como era verde o meu vale (John Ford), ganhador de cinco Oscar: filme, diretor, ator coadjuvante (Donald Crisp), fotografia e direção de arte. Com um belo cenário e excelente direção, mostra as alegrias e tristezas de uma família de mineradores de carvão no País de Gales; – Relíquia macabra (John Huston), cult movie do gênero noir, baseada na novela policial “O falcão maltês”, de Dashiell Hammett (1894-1961), conta a história de um grupo de pessoas gananciosas em busca da valiosa estatueta de um falcão negro, que conteria em seu interior um tesouro fabuloso. Excepcional performance de Humphrey Bogart como o duro detetive particular Sam Spade e excelentes atuações de Peter Lorre (como o ambíguo Joel Cairo), Mary Astor (a cliente) e Elisha Cook Jr. (a neurótica Wilmer); – Contrastes humanos (Preston Sturges): bem-sucedido diretor de cinema, cansado de fazer comédias leves durante a Depressão, resolve realizar um drama pretensioso sobre a questão social; um filme sério, retratando a dura realidade da vida. Vai à luta, com dez cents no bolso, em busca do que considera “o mundo real”, mas é assaltado, acusado de homicídio e preso.


 Na prisão, descobre que, na realidade, algumas pessoas preferem a diversão à política, pois isso é tudo que elas possuem na vida. Mais profundo do que parece, esta mistura de comédia pastelão e drama é considerada um marco na história de Hollywood; – Que espere o céu (Alexander Hall): ótima comédia fantástica. Lutador (Robert Montgomery) é vítima de acidente de avião e enviado para o céu antes da hora. Deve retornar à Terra, mas descobre que seu corpo já estava cremado, sendo forçado a encarnar em outro. Elenco perfeito e atuações de primeira. Refilmado em 1978, por Warren Beatty, com o título O céu pode esperar, inferior ao original, mas bem divertido; – Dumbo (Ben Sharpsteen): indicado para crianças e adultos, este clássico desenho animado dos Estúdios Disney é uma de suas mais belas obras. Cenas maravilhosas e sentimentais, mostrando a história do elefantinho que é humilhado no circo por causa de suas orelhas enormes. Ganhou o Oscar de melhor trilha sonora, que contém ótimas canções como Pink elephants on parade e Baby mine.

Outros bons filmes de 1941 que merecem ser vistos são: As três noites de Eva (Preston Sturges), Pérfida (William Wyler), Sargento York (Howard Hawks), Adorável vagabundo (Frank Capra), O lobisomem (George Waggner), O homem que vendeu a alma (William Dieterle), Adivinhe quem vem para jantar? (William Keighley), O diabo e a mulher (Sam Wood) e O homem que quis matar Hitler (Fritz Lang).

Em 1942, os filmes acima da média foram:
– Casablanca (Michael Curtiz) – Obra-prima. Sério candidato a melhor filme hollywoodiano de todos os tempos. Tem de tudo: romance, suspense, intriga, aventura etc. Dono de bar em Casablanca (Humphrey Bogart) reencontra, durante a II Guerra Mundial, mulher com quem manteve intenso romance (Ingrid Bergman), mas ela está casada com um líder da resistência (Paul Henreid). Num gesto nobre, sacrifica seu amor pela causa, ajudando o casal a escapar do local. Dooley Wilson interpreta o pianista Sam, que toca a inesquecível As time goes by. Oscar de filme, roteiro adaptado e diretor; – Soberba (Orson Welles): brilhante drama, baseado em um romance de Newton Booth Tarkington (1869-1946), “Os magníficos Ambersons”, de 1918, ganhador do Prêmio Pulitzer.

Embora remontado pelos produtores à revelia de Welles (quando ele estava no Brasil para filmar dois episódios de É tudo verdade), o filme mantém o notável plano técnico de Cidadão Kane, com utilização de planos-sequência e profundidade de campo (foco total – sem desfocar o fundo para mostrar o primeiro plano, ou vice-versa). A obra, outro aspecto do modo de vida americano, mostra o declínio financeiro e a desintegração de orgulhosa e rica família de uma pequena cidade, no início do século XX, com os conflitos daí resultantes; – Ídolo, amante e herói (Sam Wood): considerado o melhor filme de beisebol, uma ótima biografia do astro dos Yankees, Lou Gehrig (Gary Cooper em excelente atuação). Símbolo de saúde, energia e constância – Lou jamais esteve ausente de um jogo –, sucumbe, entretanto, a uma atroz doença dos músculos.

Sequência final emocionante onde, moribundo, se despede com um discurso no Yankee Stadium e é ovacionado. Destaque, ainda, para Teresa Wright, no papel da devotada esposa de Lou; – Bambi (David Hand, supervisor): clássico desenho dos Estúdios Disney, com tudo para agradar crianças e adultos. A trama é cheia de aventura, drama, comédia, tragédia, ternura e humor. O cervo Bambi, órfão de mãe, suas amizades com outros animais, os perigos da floresta (como o aterrorizante incêndio) e seu aprendizado sobre as coisas da vida, ao longo das quatro estações do ano. Uma lição para as crianças (e adultos), com uma mensagem em favor dos animais, no sentido de serem tratados de uma forma mais carinhosa e humana; – Rosa da esperança (William Wyler): feito em plena II Guerra Mundial, um filme que teve o poder de levantar o brio do público americano.

Dona de casa de família de classe média inglesa que aprende a lutar com a guerra, parando seus afazeres apenas para capturar um piloto nazista enquanto o marido resgata a BEF (Força Expedicionária Britânica), em Dunquerque, onde também estavam encurraladas dez divisões do I exército francês e o exército belga. Oscar de filme, diretor e atriz (Greer Garson), entre outros.

Nelson Barboza