Gordura no fígado



Gordura no fígado (esteatose hepática)

Esteatose é o acúmulo de gordura em qualquer parte do corpo. Quando é nos órgãos, é chamada de visceral; os mais acometidos são o fígado e o pâncreas. Na maioria das vezes, é achada através do exame ultrassonográfico, já que evolui totalmente sem trazer sintomas. Quando aparece essa deposição gordurosa, os pacientes ficam muito assustados e preocupados. A incidência média da gordura nos exames de ultrassom é de 50%. De acordo com o grau de penetração, é dita como leve, moderada ou intensa. Existem dois tipos básicos de gordura no fígado: a não alcoólica e a alcoólica, que, na fase inicial, são difíceis de diferenciar. 

Não alcoólica Chamada de Doença Hepática Gordurosa não Alcoólica (DHGNA), tem como causa básica um ou vários componentes da síndrome metabólica, que engloba hoje: obesidade, diabetes tipo II, dislipidemia (aumento de colesterol e/ou triglicerídeos) e, mais raramente, pode ser secundária a medicamentos, toxinas, cirurgias.
Os critérios diagnósticos se baseiam em história negativa para ingestão alcoólica (menos de 20 g/dia) e investigação negativa para as principais causas de doenças crônicas do fígado.
O manejo é muito difícil porque incide em pacientes obesos, com ingestão alimentar inadequada, sem realizar exercícios físicos e com alterações do metabolismo do açúcar e/ou da gordura. Logo, qualquer proposição terapêutica medicamentosa implica numa mudança do tipo de vida, tão difícil no mundo atual, com tantos chamativos para se manter acima do peso.
Importante observar, sempre, que essa forma de gordura não alcoólica, apesar de ter uma evolução lenta e com tendência benigna, pode evoluir para cirrose hepática e câncer do fígado.
De qualquer forma, a correção se apoia no tripé: orientação dietética; exercícios físicos e tratamento medicamentoso. 

Alcoólica – Chamada de Doença Hepática Gordurosa Alcoólica (DHGA), é álcool dependente, pois é fruto da exposição do fígado ao etanol, substância componente das bebidas alcoólicas. Tem alta incidência no mundo, com prevalência de até 60% de casos e mortalidade de 30 a 55%. Em geral, as mulheres são mais suscetíveis, evoluindo mais rapidamente para a cirrose. Nos estágios iniciais, pode ser revertida. A evolução é lenta, tem grande relação com fatores genéticos e uma certa suscetibilidade individual.  
Estima-se que a quantidade de álcool que é necessária para desenvolver a doença é de 20 a 40 g por dia para as mulheres e 60 a 80 g por dia para os homens. Lembrar que 20 g de etanol correspondem a 600 ml de cerveja; 220 ml de vinho e 60 ml de destilados. É necessário uso continuado do etanol por no mínimo cinco anos.
O tratamento repousa no controle de uma doença que é o alcoolismo, multifatorial e de insucessos frequentes; ao contrário da forma não alcoólica, as lesões hepáticas vão se agravando até a cirrose hepática e, em algumas vezes, até câncer do fígado, com todo o seu cortejo sintomático.
Tratamos aqui de dois flagelos da humanidade: a obesidade e o alcoolismo, com todas as grandes dificuldades das duas na solução e controle dos portadores. 
Prof. J. F. Penteado – Ref.: Advances in Terapy of Liver Diseases, edição 2007, Arroyo, V.

Dr.José Figueiredo Penteado