Recebemos, na Escola de Natação da Academia
Djan Madruga, algumas crianças (e até mesmo bebês) cujos pais admitem,
abertamente, que querem que aprendam a nadar apenas por uma questão de
sobrevivência. Mas a maioria dos pais alega que o principal motivo é propiciar
um desenvolvimento saudável para seus filhos. Eu acredito que, no fundo, a
maioria pensa mesmo na segurança, mais do que na saúde, embora sem admitir. E
eles têm razão de pensar assim, pois 2/3 do planeta é constituído de água e,
com a quantidade de piscinas, lagos e praias a que temos acesso, saber nadar é
mesmo uma questão de sobrevivência.
Na época em que cursei a Universidade de
Indiana nos EUA, estudei sobre afogamentos e gostaria de repartir meus
conhecimentos com vocês:
Trata-se de um dos mais importantes estudos
sobre acidentes aquáticos, feito por uma equipe médica da Universidade do Sul
da Carolina, na década de 70. Foram feitas diversas pesquisas independentes
sobre a ocorrência de situações com sérios riscos de afogamentos e os
resultados acabaram publicados no Jornal da Escola Americana de Emergências
Médicas — em abril de 1977. Uma parte do estudo pesquisou 9420 estudantes do
primário americano com idade de 1 a 8 anos. A conclusão foi que 15% deles, ou seja,
1312 reportaram pelo menos um episódio no último ano onde houve uma ameaça de
morte por afogamento.
Outra parte da pesquisa concluiu, por
amostragem, que:
• 9,4% de 253764, ou seja, 23853 crianças com
menos de cinco anos quase se afogaram no mesmo período; e que
• 22% de 519083 pessoas, ou seja,
114198 entre 15 e 24 anos quase se afogaram no último ano.
Os autores do estudo concluíram: forte
influência familiar determinava se a criança podia ou não nadar. Filhos de pais
que sabiam nadar eram mais aptos a serem bons nadadores; ao contrário, filhos
de pais que não nadavam eram mais propensos a não nadar (Murray - Infaquatics –
1980).
Se projetarmos esses índices para a nossa
região – Barra, Recreio, Vargem Grande e Pequena –, onde se estima morar cerca
de 170 mil pessoas, concluímos que entre
16 e 37 mil pessoas, com faixa etária de 2 a 24 anos, correrão riscos de
afogamento em algum momento da sua vida. É um dado alarmante, não acham?
Com 7500Km de costa e com um clima propício
ao lazer aquático como existe no Brasil, é obrigação dos pais darem a
oportunidade para os seus filhos de aprenderem a nadar. Por esse motivo, saber
nadar é maior defesa para não se afogar.