A força da torcida




Eu tenho um carinho muito grande por todas as torcidas do Flamengo. A Nação Rubro-Negra sempre tocou fundo no meu coração. E a presença marcante de uma delas, do outro lado do mundo, há 16 anos, me traz eternas e grandes recordações.

Vitória da raça contra os súditos da rainha  Tóquio, dezembro de 1981 - O Estádio Olímpico estava tomado pelos japoneses. Os ingleses do Liverpool entraram em campo, soberbos, imponentes, certos de que sairiam dali campeões do mundo. Estavam enganados. Nós, do Flamengo, sabíamos da nossa força técnica e, sobretudo, da nossa raça. Respeitávamos os representantes da rainha, e só. Tínhamos do nosso lado, lá em cima, nas arquibancadas, uma torcida de peso, que estendeu uma faixa preta e vermelha, com a seguinte frase em letras brancas: RAÇA RUBRO-NEGRA.

Longe de casa, nos sentimos honrados e sensibilizados. Aquele pequeno grupo representava a imensa Nação Rubro-Negra. Nosso coração bateu forte.
Ali, os ingleses começaram a perder o jogo. Vencemos por 3 a 0 e demos um show de bola. Os japoneses deliraram e nos aplaudiram de pé.

A faixa da Raça Rubro-Negra tremulava. E tremulou por 18 anos nas mãos de Moraes e seus fiéis companheiros de arquibancada: no Maracanã, em São Paulo, por todo este Brasil afora, ao nosso lado e em mais de 40 países. Lembro dela no Estádio Nacional de Santiago do Chile, quando o Cobreloa nos venceu de 1 a 0, pela Libertadores, e provocou o terceiro jogo no Estádio Centenário de Montevidéu. E lá também estava a Raça. Incentivados por ela, fomos à tona. Vencemos por 2 a 0 e ganhamos o direito de disputar o título mundial contra o Liverpool.

Quando fui para a Udinese, pensei que tínhamos nos separado por algum tempo. Enganei-me. Na minha simples apresentação à torcida italiana, num jogo contra o Flamengo (entrei em campo por apenas poucos minutos), lá estavam Moraes e Zé Carlos, apoiando o Flamengo e torcendo por mim.

Ainda em Udine, em jogo que marcou minha despedida da seleção brasileira (contra uma seleção do resto do mundo), fui surpreendido com uma homenagem da Raça Rubro-Negra. Recebi e guardo, com orgulho, um lindo troféu que me foi presenteado por Moraes, em nome de todas as torcidas do Flamengo. A Nação Rubro-Negra é isto: amor, carinho, dedicação e respeito pelos ídolos dela. A Raça é nossa. Fui.


Zico