BREVE HISTÓRIA DO CINEMA MUNDIAL


BREVE HISTÓRIA DO CINEMA MUNDIAL
Capítulo 1 – Estados Unidos da América – Parte 3

Uma importante contribuição para a implantação do cinema hollywoodiano deve-se ao imigrante SAMUEL GOLDWYN (Shmel Gelbfisz, depois Samuel Goldfish, 1882-1974). De origem polonesa (Varsóvia), mudou-se para os EUA e casou-se com a irmã do produtor JESSE LASKY entrando para a indústria cinematográfica. Em 1916, retira-se da sociedade, vendendo sua parte para Lasky e Zukor. Em 1918, associa-se a EDGAR SELWYN e forma a Goldwyn Picture Corporation. Algum tempo depois, passou a adotar o nome de Samuel GOLDWYN. Em 1924, a Goldwyn incorporou-se à Metro Picture Corporation, de MARCUS LOEW, e à Louis B. Mayer Pictures, resultando, daí, a poderosa Metro-Goldwyn-Mayer, nossa conhecida MGM.  Contrariado por não ter sido consultado sobre a criação da MGM, saiu da sociedade e fundou a Samuel Goldwyn Productions. É o autor de gafes verbais que ficaram famosas, como: “Resumirei em duas palavras: Im – possível” ou, ainda, “Um contrato verbal não vale o papel onde está escrito”. Outro imigrante que ajudou a fazer a história do cinema dos EUA foi CARL LAEMMLE (1867-1939). 

Vindo da Alemanha, começou nos EUA com a abertura de um cinema popular, mas, sofrendo a pressão do monopólio de Thomas Edison, abandonou a distribuição e passou para a produção com a Independent Motion Picture Company que, em 1912, incorpora outras empresas e transforma-se na Universal. Mais um grande empreendedor foi LOUIS BURT MAYER (1885-1957). De origem russa (Minsk), era comerciante de sucata em New Brunswick (no Canadá) e em Boston. Arrematou um cinema em decadência em Massachusetts, na Nova Inglaterra, onde fez sua primeira fortuna como distribuidor, no lançamento de Nascimento de uma nação (1915). Fundou, então, sua própria produtora, a Louis B. Mayer, em 1924, que, conforme já vimos, iria fundir-se com duas outras e originar a MGM, onde foi diretor-geral até 1951, tornando-se, durante um bom tempo, o homem mais bem pago dos EUA.  Outros imigrantes importantes na formação do poderio hollywoodiano foram quatro irmãos poloneses, fundadores da Warner Bros., em 1923: JACK (1892-1978), HARRY (1881-1958), ALBERT (1884-1967) e SAMUEL (Sam, 1888-1927).  Vindo da Hungria (Tulchva), WILLIAM FOX (1879-1952), após vários empregos, começou a interessar-se pelo cinema, com a compra de um nickelodeon em Brooklyn. 

Outros se seguiram e Fox tornou-se um exibidor de sucesso. Após ganhar uma longa batalha judiciária contra a Motion Pictures Patent Company, terminando com o truste de Thomas Alva Edison, fundou sua própria produtora em 1912, a Fox, que, em 1935, iria fundir-se com a 20th Century, originando a 20th Century-Fox. Um ano após a fusão, Fox subornou um juiz num processo de falência contra suas empresas e foi condenado a um ano de prisão, a partir de 1941. Um fim melancólico o aguardava. Solto em 1943, tornou-se um pária em Hollywood. As portas da indústria cinematográfica estavam fechadas para ele. Nenhum representante dela compareceu ao seu funeral.

Outro imigrante, JOSEPH M. SCHENCK (1878-1961), originário da Rússia (Rybinsk), aportou em Nova York em 1893, com seu irmão NICHOLAS. Os dois irmãos russos, junto com WILLIAM FOX (Hungria), ADOLPH ZUKOR (Hungria) e SAMUEL GOLDWYN (Polônia) são conhecidos como os “five moguls”, que foram vitais para a criação da indústria cinematográfica dos EUA. JOSEPH e NICHOLAS começaram com o negócio de drogaria. Uma parte dos lucros resultantes foi investida, com sucesso, em parques de diversões. Um dos parques foi comprado por MARCUS LOEW, em 1907, tornando os Schenks seus sócios na Consolidated Enterprises, sua cadeia de casas de teatro e cinema. Nicholas, que permaneceu na Consolidated, tornou-se, mais tarde, presidente da Loew’s International.


Joseph chegou a presidente da United Artists, em 1927. Em 1930, funda a 20th Century Produtions (com Darryl F. Zanuck), que iria fundir-se com a Fox Film Corporation e resultar na 20th Century-Fox. Em 1936, Joseph foi indiciado por evasão do imposto de renda – crime sério nos States. Condenado a prestar um ano de sentença, em 1946, foi perdoado pelo presidente Truman após cumprir quatro meses e voltou para a Fox como diretor de produção. Dizia-se que Marilyn Monroe era uma de suas namoradas, embora ele o negasse (na Fox, ela era chamada de “a garota do Schenck”). De qualquer modo, ele foi útil em sua carreira, propiciando-lhe sua primeira “ponta” num filme B (Scudda hoo! Scudda Hay! – de 1948) e, depois, emprestando-a para a Colúmbia, onde teve seu primeiro papel de bom tamanho em Mentira salvadora (1949). Em 1953, Joseph associou-se a MICHAEL TODD (1907-1958) na fundação da Magna Corporation, para comercializar o Todd-AO, sistema de projeção wide-screen, usado pela primeira vez no filme Oklahoma!, de 1955.


Um húngaro de origem humilde, ADOLPH ZUKOR (1873-1976), chegou a magnata do cinema graças a muito esforço pessoal. Foi faxineiro e comerciante de peles, antes de entrar para a indústria das máquinas de jogo, em 1903. Em seguida, partiu para a aquisição de cadeias de teatro e cinema, em sociedade com MARCUS LOEW. Em 1912, lançou o filme francês Queen Elizabeth, estrelado por Sarah Bernhardt e criou a Famous Players, junto com EDWIN S. PORTER (com quem também produziu O prisioneiro de Zenda, em 1913) e que iria evoluir para o gigantesco império de produção e distribuição chamado Paramount, da qual foi presidente até 1936, passando depois a presidente do conselho até sua morte, aos 103 anos de idade.