A CULINÁRIA, UMA PAIXÃO
Maridos que são gastrônomos
Colecionam receitas de cardápios
Dedicação total e carinho
Amantes de boas iguarias
Gostam de pescarias.
Seus assuntos sempre recorrentes
Salmão na brasa, peixadas
Camarão, sempre presentes
Na moranga, na sequência, bobó,
Risoto de frutos do mar
Casquinha de siri, ostras
Bufê de churrasco, molhos especiais
Quando não pensam em costela
Polvos, bruschetta e bacalhau
Leitão, comidas típicas, nada mau.
Possuem a arte de cozinhar
Oferecem prazer a quem come
Ajudam as esposas no fogão
Muito apetitoso o pirão, e que pirão.
Walkyrio Rotay
AS ROUPAS DA MINHA NAMORADA
Adoro as roupas da minha namorada
Disponho as peças sobre a cama
alta noite
A blusinha de malha
tomara que caia!
o collant de bailarina
a calça folgada
saruel
Adoro as roupinhas
Parado, olho...
e a cidade descansa, para ter de descansar
Cesso,
como se escrevesse poesia.
George Santos
A QUEDA DA BASTILHA
Enfim perdi a batalha surda contra a própria mudez.
Enfim a inoperância de meus punhos
para esmurrar estes labirintos de ferro,
para desnudar o universo.
Enfim, voltei... enfim não sei mais!
Enfim me recolho com meus únicos próprios braços,
esperando, no entanto, que haja ainda alguma bondade
nestes pequenos fardos.
Enfim acato a tristeza como uma rosa frágil que é minha...
Enfim não espero nada,
mas acredito em tudo aquilo que não é passível de ser verdade.
Como sei agora,
posso embalar a verdade em meu colo
até que ela acorde, e me olhe.
Caso ela não fuja, eu um dia a verei crescer...
Como os carvalhos antigos que arrebentavam o céu,
assim cresce a verdade em meu pequeno bosque.
Copas silenciosas, em nuvens vagarosas, em tardes apenas grenás.
Enfim, perdi...
mas chorei como quem vence. Então venci!
Leila Kruger
NÃO TENHO MEDO DE CÂNCER
Não tenho medo de câncer
temo que canses de mim;
Não temo ficar mudo
mas que não fales em mim.
Temo, que não me vejas
não que me vazem os olhos;
ser decapitado não temo
temo que não penses em mim;
não temo ficar surdo
e sim que não me ouças;
não temo o ventre da baleia
nem a cama do faquir, as brumas do passado
ou aquelas do porvir;
não temo a febre amarela,
mas não amar-me um dia
friamente, com calor
ou o marfim do teu dente, temo;
não temo as estatísticas
os riscos que corremos:
temo que não celebremos o erro certo
o incerto acerto que tecemos,
que como estátuas fiquemos
para abraços braços não tenhamos
para beijos bocas não mostremos
que não nos pertençam os sonhos que sonhamos.
Pedro Henrique Saraiva Leão