IMPACIÊNCIA




Em um dos meus recentes artigos, escrevi aqui neste cantinho que a sociedade brasileira deveria se rebelar com os desmandos, corrupção e insensibilidade por parte dos nossos políticos.
Lembro-me que, em seu fecho, conclamei o cidadão a sair de sua quietude e a protestar, dizendo uma palavrinha... Ou um palavrão!

Será que eu estava adivinhando o que pouco depois aconteceria?
Óbvio que não, pois fui pego de surpresa como todos em nosso país.
Mas que os sinais de “impaciência social” estavam claros, ah... isso, estavam.
E tal impaciência se revelava sobretudo nas opiniões dos leitores em nossos periódicos.
Aliás, dizia um jornalista americano (acho que foi Art Buchwald, mas não estou certo) que a parte mais importante dos jornais é a que publica a opinião dos leitores.
Ali sim, sem rebuscamento, sem compromissos com partidos políticos, sem submissões ao poder econômico, é que se lê o que as pessoas realmente pensam.
Confesso ser nessas opiniões que muitas vezes me inspiro para também fazer meus protestos, orais ou escritos...

E assim como constatei a enorme insatisfação das pessoas com a política “nacional”, aquela que tem origem em Brasília, vejo crescer a insatisfação com a maneira como são administradas nossas cidades.
Sobre este assunto, tendo como foco o Rio de Janeiro, escrevi também aqui que não se pode desfigurar uma cidade, destruindo casas, desalojando moradores, transformando tudo em bairros de passagem para atender às exigências do Comitê Olímpico.
E tudo isso para realizar eventos esportivos que não duram nem um mês.
Que maravilha seria se o tal comitê exigisse que toda essa dinheirama fosse investida em hospitais e escolas.
Meus amigos, perdoem-me se lhes causo uma decepção, mas os europeus estão quebrados, cheios de problemas, sem apoio popular para realizar grandes eventos.
Por isso enfiaram-nos goela abaixo esses Jogos Olímpicos.
E nós, ingenuamente (?) caímos na armadilha.
Pelo menos é o que eu penso, mas, se o leitor não concordar, pode me dizer uma palavrinha.
Ou um palavrão!

Paulo Sérgio Valle