Cantinho da Poesia do Leitor - outubro 2013



O duelo da estrela

A espada pesa, o ombro
Não é o aço
Mais um passo, um tombo
E outra reza

Vem de assalto um medo
Desanima
Em cima do rochedo
Grita alto

Pesa a espada, o peso
De um sertão
O coração aceso
É a enxada

Vem com banal bravura
Traz a lança
Distância não dura
É o rival

A espada: peso morto
Em sua mão
O medo não é do outro
É da mancada

Cárlisson Galdino



Expressionismo
 
Minha pele veste liberdade
Eu herdo a mesma força da minha parideira
Minha garganta ainda grita o mesmo grito histórico
Carrego o fardo de defender-me de ignorância alheia
Desculpem-me os “conceitos morais”
Mas minha alma é muito inquieta
A tua “moral” não me satisfaz
O meu arbítrio te afeta?
Meu vocabulário não se intimida
E meu corpo faz jus ao bem-estar
Tabu nenhum me representa
Qual a ofensa em gozar?
Eu me permito viver o que acredito
E desgastantemente defender o óbvio,
O que essas mentes ofuscadas ainda não viram:
Felicidade é o propósito.
Eu, mulher:
Na história guerreira, no trabalho profissional
Na vida independente,
Perante outro igual.

Ana Julia Bolato


Só eu e você

Sim, só eu e você.
Sem romance sem nuance
Só nós dois, neste lance:
Eu escrevo e você lê!

Sem ademais, sem nada mais
Deste “love love”  aturdido
Que se debate inibido
Enquanto o poema se desfaz

Sem fronteiras e sem amarras
Sem ódio e sem alegria
Só os versos que fazem farra
Pra te enganar nesta poesia

Pode até ser impuro
Mas te garanto, é só zoeira.
Numa arte de brincadeira
De um poeta imaturo

É uma forma tendenciosa
Sob uma tentativa frustrada
De fazer arte enganosa.
Sem contar histórias, nem nada.

Rodrigo Ferreira Santos


Mulheres castanhas

Quero em minha poesia
começar uma campanha
pra defender o encanto
que há na mulher castanha
em versos salientando
sua beleza tamanha

Ninguém chama uma rosa
de tulipa ou açucena
nem também a margarida
é chamada de verbena
assim não chame a castanha
de loira nem de morena

Eu admiro a mulata
e a loira é atraente
a morena e a ruiva
tem beleza certamente
mas o charme da castanha
é de todas diferente

Os cabelos da mulher
emolduram o seu rosto
e no castanho intenso
seu encanto fica exposto
De elegância e vigor
esse matiz é composto

Cada cor tem um lugar
pra cumprir o seu mister
O verde é na esmeralda
Na alva é o rosicler
o vermelho numa flor
e o castanho na mulher

Num cavalo alazão
o castanho é supino
Na madeira e no mel
seu fulgor é genuíno
Mas encontra a perfeição
no encanto feminino

Seja curto ou comprido
indo até os cotovelos
seja preso, seja solto
e penteado com zelos
o castanho é uma cor
que ilumina os cabelos

Hoje a cor natural
que predominava antes
deu lugar para madeixas
de cores extravagantes
Mas com isso as mulheres
não ficam mais elegantes

Pra você que é castanha
de esplendores repleta
peço agora que atenda
o apelo de um poeta:
não esconda a beleza
da minha cor predileta

Carlos Alê