BREVE HISTÓRIA DO CINEMA MUNDIAL
Capítulo 1 – Estados Unidos
da América – Parte 14
A história dos mais
destacados filmes dos EUA a partir da década de 1950, devido ao seu grande
acervo, poderá ser vista em meu e-book, à venda na amazon.com.br: CINEMA - ARTE, CULTURA,
HISTÓRIA.
Veremos, agora, a história
das famosas fitas em série dos anos 1930/1950.
O CINEMA DIVIDIDO – PRIMEIRO
EPISÓDIO
Houve uma época em que
tínhamos de esperar uma semana para saber o que poderia ter acontecido ao herói
(ou heroína) do filme: foi no tempo dos grandes seriados (também chamados de
fitas em série) que eram divididos em 10, 12, 15 episódios, ou mais, contando
as variadas aventuras de um mesmo personagem. Eram, no mínimo, cinco semanas de
comparecimento contínuo ao cinema (muito exibidor passava dois episódios de
cada vez).
Ficávamos
ansiosos para saber como o herói iria livrar-se das inúmeras armadilhas em que
caía ou de situações extremas que julgávamos impossíveis de serem solucionadas.
Por exemplo: no final de um episódio, o herói, que estava de motocicleta, errou
a curva da estrada e pairou no ar.
Pensamos logo: “Desta vez ele não escapa!”.
Imagem congelada, nós éramos convidados, de forma sensacionalista, a ver a
continuação na próxima semana. Claro está que comparecíamos em massa. Como, a
exemplo das histórias em quadrinhos em que eram inspiradas, as tramas não primavam
pela verossimilhança, acontece o inusitado: ainda sentado na moto, o
prevenidíssimo personagem abre um compartimento do veículo e sai um lindo e
maravilhoso paraquedas que o conduz são e salvo até o chão. A coisa funcionava
assim... O Homem-Foguete andava com foguetes presos às costas e nunca queimou a
traseira... O Zorro (em Zorro rides again, 1937) estava com o pé preso nos trilhos e o trem já ia esmagá-lo; no
episódio seguinte, ele dá uma chicotada no mecanismo que altera a direção e o
trem segue por outra linha... E por aí vai. Os efeitos especiais (ou, em alguns
casos, “defeitos especiais”) eram primários e algumas situações até ingênuas. E
os cinemas? Com cadeiras de madeira, sem estofamento. Ar condicionado? Só o que
passava pelas portas enormes, abertas somente à noite; mas havia aqueles que
tinham cerca de 20 metros de pé-direito (altura), o que amenizava um pouco o
ambiente; som? Era mono; os nomes dos filmes que estavam passando eram pintados
à mão nos vidros ou espelhos; o rolo que acabava de ser exibido saía para outro
cinema que iria exibir aquele mesmo episódio, logo em seguida, no mesmo dia; na
semana seguinte, ia para os subúrbios. E ainda tinha o “lanterninha”, indivíduo
encarregado de manter a ordem e o silêncio dentro do salão de projeção. Era o
tempo do cinema lascado.
Mas era divertido, pois não havia TV na época e a
telenovela ainda não arrebatava o povão, como hoje em dia. Os seriados já
existiam desde a época do cinema mudo, mas nos ocuparemos, apenas, dos sonoros,
que atingiram o seu ápice nos anos 1930 e 1940, indo até meados dos anos 1950.
Há divergências em relação ao primeiro seriado sonoro: a Universal Films
afirmou que seria The ace of Scotland Yard (1929), dirigido por Ray
Taylor e James Horne, mas alguns historiadores optam por A caixa sagrada
(The jade box, 1930), também dirigido por Taylor. Por outro lado, Tarzan,
o tigre (1930), dirigido por Henry MacRae, com Frank Merril (Tarzan) e
Natalie Kingston (Jane), já utilizava o som. Como eram seriados com duas
versões, a muda e a sonora, que variavam conforme os recursos das salas de
projeção, The spell of the circus (1930), dirigido por Robert F. Hill,
torna-se candidato à primazia, por ser, segundo alguns, o primeiro a ter som em
toda a trama, embora ainda sofresse a influência da fase muda e com qualidade
técnica até inferior. Mas (sempre há um “mas”) historiadores bem embasados
afirmam que A voz do trovão (Voice from the sky, 1930), dirigido
por Ben F. Wilson é o primeiro totalmente sonoro. Está aberta a polêmica. Vamos
em frente.
Passada essa confusa fase
inicial, o uso do som logo se afirmaria como um poderoso recurso para
evidenciar o medo e o suspense, uma característica dos filmes de mistério.
Dentro das limitações técnicas inerentes à época, grandes filmes foram produzidos
e, na opinião de Waldir Mendes Ribeiro, morador do Rio de Janeiro, um dos
maiores colecionadores (e grande conhecedor) de seriados, (a quem agradecemos
algumas preciosas dicas para a produção deste trabalho), os melhores são:
1 – O homem-de-aço (Adventures
of Captain Marvel, 1941);
2 – O terror dos espiões
(Spy smasher, 1942);
3 – Os perigos de Nyoka
(Perils of Nyoka, 1942);
4
– Aranha
mortal (The black widow, 1947;
5 – Agente federal 99
(Federal operator 99, 1945).
Outros, entretanto, também
poderiam ser citados, pois são possuidores de qualidades apreciáveis para os
fãs do gênero.
Aguarde o próximo
“episódio”, em nosso jornal de novembro.