Recorrentemente, venho
alertando os leitores: “Emergência! Mudanças climáticas sem precedentes!”. O
aquecimento global é causado pelo homem e deve aumentar, se a sociedade não se
mobilizar imediatamente, diz o IPCC - Painel Intergovernamental Sobre Mudanças
Climáticas, estabelecido em 1988 pela Organização Meteorológica Mundial (OMM).
A verdade que incomoda foi confirmada pelo IPCC: as mudanças climáticas são
reais, acontecem em um ritmo alarmante e são provocadas pelas atividades
humanas, principalmente pela emissão de carbono. Continuam a se agravar
dramaticamente, constituindo-se, na verdade, em emergência climática, apesar do
discurso irresponsável e criminoso de alguns tentando negá-las! O quinto
relatório do IPCC, divulgado no dia 27/09/2013, em Estocolmo, na Suécia,
confirma e agrava a tragédia citada em relatório anterior, que já havia
alertado: temos todos que nos mexer agora!
Sociedade à frente e governos
obedecendo a ela. Chega de lobbies criminosos da indústria (energia,
agronegócio, bens duráveis e de consumo etc.) que avançam numa poluição insana
e no desmatamento; estes são os principais responsáveis pela emissão dos gases
de efeito estufa (metano, CO2 e óxido nitroso).
É fundamental
ressaltar que estes gases são altamente venenosos e destroem o planeta aqui na
superfície, inclusive antes de chegar à atmosfera, deslegitimando a falsa
polêmica tentada em torno do aquecimento global. É obrigatório que mudemos já
todo o planeta para a matriz energética realmente limpa: sol, ventos, mares,
biomassa e geotérmica, saindo agora da energia suja dos combustíveis fósseis!
Comece hoje mudando seus hábitos e diminuindo sua pegada ecológica! Reafirmamos
às pessoas de mau-caráter de plantão: “para que o ambiente seja protegido,
serão aplicadas pelos estados, de acordo com suas capacidades, medidas
preventivas, onde existam ameaças de riscos sérios ou irreversíveis; não será
utilizada a falta de certeza científica total como razão para o adiamento de
medidas eficazes, em termos de custo, para evitar a degradação ambiental” –
Princípio 15 – Princípio da precaução – da declaração da Rio/92 sobre meio
ambiente e desenvolvimento sustentável da conferência da ONU.
Não podemos
ignorar a realidade de que devemos agir ou, então, enfrentar novos impactos
assustadores que nos levarão a catástrofes. Sabemos que a maior parte da
poluição que causa a mudança climática vem da queima de combustíveis fósseis e
destruição das florestas. O SOS Clima Terra e a marcha mundial do clima pedem
aos governos e investidores para parar de investir em energia suja e começar
uma transição imediata para energias limpas renováveis. O 5º Relatório do IPCC
conclui que o aquecimento global é uma realidade incontestável, é provocado
pelo homem e vai durar até o final deste século. Cientistas calculam que, na
projeção mais pessimista, a temperatura na Terra deve aumentar 4,8 graus
Celsius até 2100.
A última versão do relatório do IPCC saiu em 2007, quando o
estudo rendeu ao painel de especialistas o prêmio Nobel da Paz. O primeiro
capítulo, de um total de três, aborda a base das ciências físicas. As demais
partes serão divulgadas em 2014. Os especialistas elaboraram quatro cenários
possíveis para as próximas décadas. Nas previsões mais otimistas, eles projetam
que até 2100 a temperatura na Terra deve aumentar 0,3 graus Celsius. Já na
projeção mais pessimista, essa alta pode chegar a 4,8 graus Celsius. Na
avaliação dos cientistas, as mudanças climáticas vão depender do aumento do
ritmo da emissão de gases que provocam o efeito estufa. Até agora, as emissões,
ao contrário do que exigiu a ONU, não se estabilizaram, e, na verdade, têm
aumentado muito. Eles argumentam já ser possível antecipar que as ondas de
calor tendem a ser mais intensas e mais duradouras, que as regiões que já são
chuvosas terão índices pluviométricos ainda mais elevados e, ao contrário, as
regiões secas terão menos chuvas. O relatório, porém, diz que pode haver
algumas exceções.
Maior emissão de gases – Um dos dados apresentados
pelo IPCC aponta que foi registrado um aumento de 43% na forçante radiativa
entre 1985 e 2011. A forçante radiativa é um índice que estima impactos
climáticos causados pelo desequilíbrio entre as radiações solares absorvidas
pela Terra e o calor devolvido pelo planeta à atmosfera, aquecendo-a. Essa
troca de energia equilibrada garante uma temperatura global estável. No
entanto, uma maior emissão de gases e aerossóis pelo homem por conta de
queimadas, desmatamento e queima de combustíveis fósseis (principalmente CO2)
tem elevado a forçante e, consequentemente, retido uma maior quantidade de
calor no planeta.
Segundo Paulo Artaxo, físico da Universidade de São Paulo e
um dos coautores do capítulo divulgado, o aumento representa a elevação das
concentrações de gases de efeito estufa “que continuam a subir rapidamente”. Qin Dahe, um dos
coordenadores do IPCC, declarou que, com o aquecimento dos oceanos, o
derretimento das geleiras vai elevar o nível do mar num ritmo mais acelerado
que o que foi observado nos últimos 40 anos, podendo sofrer uma elevação de 26
a 82 cm até 2100. Em estudos anteriores, apontava-se que a alta do nível do mar
não ultrapassaria 59 cm. Mas os cientistas tiveram que rever esses cálculos
porque haviam subestimado o impacto do derretimento das geleiras na Groenlândia
e na Antártica. Dados mostram grandes impactos sobre os oceanos gerando
terrível preocupação, já que mais de um bilhão de pessoas vivem e dependem dos
oceanos como sua principal fonte de alimento e sustento. A acidificação dos
oceanos desde 1900 aumentou em quase 30% e é, provavelmente, a mais forte ao
longo de muitos milhões de anos. Os oceanos constituem um ecossistema já frágil
que pode ser destruído de uma forma quase irreversível se a humanidade não
mudar de combustíveis fósseis para as energias renováveis o mais breve
possível!
Algumas das conclusões do relatório já tinham sido divulgadas pela
imprensa nos últimos dias, mas, com a divulgação completa hoje, o IPCC espera
que os líderes mundiais e as populações tomem medidas concretas a fim de
prevenir consequências desastrosas para a população mundial. A receita do IPCC
é objetiva: é preciso que diminuamos de forma "substancial" a emissão
de gases tóxicos. Cabe a todos os setores da sociedade, agora, agir sobre os
fatos e ciência apresentados neste relatório, que passou por um processo sem
precedentes de revisão!