Meio Ambiente - Por Donato Veloso - outubro 2013



Recorrentemente, venho alertando os leitores: “Emergência! Mudanças climáticas sem precedentes!”. O aquecimento global é causado pelo homem e deve aumentar, se a sociedade não se mobilizar imediatamente, diz o IPCC - Painel Intergovernamental Sobre Mudanças Climáticas, estabelecido em 1988 pela Organização Meteorológica Mundial (OMM). A verdade que incomoda foi confirmada pelo IPCC: as mudanças climáticas são reais, acontecem em um ritmo alarmante e são provocadas pelas atividades humanas, principalmente pela emissão de carbono. Continuam a se agravar dramaticamente, constituindo-se, na verdade, em emergência climática, apesar do discurso irresponsável e criminoso de alguns tentando negá-las! O quinto relatório do IPCC, divulgado no dia 27/09/2013, em Estocolmo, na Suécia, confirma e agrava a tragédia citada em relatório anterior, que já havia alertado: temos todos que nos mexer agora! 


Sociedade à frente e governos obedecendo a ela. Chega de lobbies criminosos da indústria (energia, agronegócio, bens duráveis e de consumo etc.) que avançam numa poluição insana e no desmatamento; estes são os principais responsáveis pela emissão dos gases de efeito estufa (metano, CO2 e óxido nitroso). 

É fundamental ressaltar que estes gases são altamente venenosos e destroem o planeta aqui na superfície, inclusive antes de chegar à atmosfera, deslegitimando a falsa polêmica tentada em torno do aquecimento global. É obrigatório que mudemos já todo o planeta para a matriz energética realmente limpa: sol, ventos, mares, biomassa e geotérmica, saindo agora da energia suja dos combustíveis fósseis! Comece hoje mudando seus hábitos e diminuindo sua pegada ecológica! Reafirmamos às pessoas de mau-caráter de plantão: “para que o ambiente seja protegido, serão aplicadas pelos estados, de acordo com suas capacidades, medidas preventivas, onde existam ameaças de riscos sérios ou irreversíveis; não será utilizada a falta de certeza científica total como razão para o adiamento de medidas eficazes, em termos de custo, para evitar a degradação ambiental” – Princípio 15 – Princípio da precaução – da declaração da Rio/92 sobre meio ambiente e desenvolvimento sustentável da conferência da ONU. 

Não podemos ignorar a realidade de que devemos agir ou, então, enfrentar novos impactos assustadores que nos levarão a catástrofes. Sabemos que a maior parte da poluição que causa a mudança climática vem da queima de combustíveis fósseis e destruição das florestas. O SOS Clima Terra e a marcha mundial do clima pedem aos governos e investidores para parar de investir em energia suja e começar uma transição imediata para energias limpas renováveis. O 5º Relatório do IPCC conclui que o aquecimento global é uma realidade incontestável, é provocado pelo homem e vai durar até o final deste século. Cientistas calculam que, na projeção mais pessimista, a temperatura na Terra deve aumentar 4,8 graus Celsius até 2100.


 A última versão do relatório do IPCC saiu em 2007, quando o estudo rendeu ao painel de especialistas o prêmio Nobel da Paz. O primeiro capítulo, de um total de três, aborda a base das ciências físicas. As demais partes serão divulgadas em 2014. Os especialistas elaboraram quatro cenários possíveis para as próximas décadas. Nas previsões mais otimistas, eles projetam que até 2100 a temperatura na Terra deve aumentar 0,3 graus Celsius. Já na projeção mais pessimista, essa alta pode chegar a 4,8 graus Celsius. Na avaliação dos cientistas, as mudanças climáticas vão depender do aumento do ritmo da emissão de gases que provocam o efeito estufa. Até agora, as emissões, ao contrário do que exigiu a ONU, não se estabilizaram, e, na verdade, têm aumentado muito. Eles argumentam já ser possível antecipar que as ondas de calor tendem a ser mais intensas e mais duradouras, que as regiões que já são chuvosas terão índices pluviométricos ainda mais elevados e, ao contrário, as regiões secas terão menos chuvas. O relatório, porém, diz que pode haver algumas exceções. 

Maior emissão de gases – Um dos dados apresentados pelo IPCC aponta que foi registrado um aumento de 43% na forçante radiativa entre 1985 e 2011. A forçante radiativa é um índice que estima impactos climáticos causados pelo desequilíbrio entre as radiações solares absorvidas pela Terra e o calor devolvido pelo planeta à atmosfera, aquecendo-a. Essa troca de energia equilibrada garante uma temperatura global estável. No entanto, uma maior emissão de gases e aerossóis pelo homem por conta de queimadas, desmatamento e queima de combustíveis fósseis (principalmente CO2) tem elevado a forçante e, consequentemente, retido uma maior quantidade de calor no planeta. 

Segundo Paulo Artaxo, físico da Universidade de São Paulo e um dos coautores do capítulo divulgado, o aumento representa a elevação das concentrações de gases de efeito estufa “que continuam a subir rapidamente”. Qin Dahe, um dos coordenadores do IPCC, declarou que, com o aquecimento dos oceanos, o derretimento das geleiras vai elevar o nível do mar num ritmo mais acelerado que o que foi observado nos últimos 40 anos, podendo sofrer uma elevação de 26 a 82 cm até 2100. Em estudos anteriores, apontava-se que a alta do nível do mar não ultrapassaria 59 cm. Mas os cientistas tiveram que rever esses cálculos porque haviam subestimado o impacto do derretimento das geleiras na Groenlândia e na Antártica. Dados mostram grandes impactos sobre os oceanos gerando terrível preocupação, já que mais de um bilhão de pessoas vivem e dependem dos oceanos como sua principal fonte de alimento e sustento. A acidificação dos oceanos desde 1900 aumentou em quase 30% e é, provavelmente, a mais forte ao longo de muitos milhões de anos. Os oceanos constituem um ecossistema já frágil que pode ser destruído de uma forma quase irreversível se a humanidade não mudar de combustíveis fósseis para as energias renováveis o mais breve possível! 

Algumas das conclusões do relatório já tinham sido divulgadas pela imprensa nos últimos dias, mas, com a divulgação completa hoje, o IPCC espera que os líderes mundiais e as populações tomem medidas concretas a fim de prevenir consequências desastrosas para a população mundial. A receita do IPCC é objetiva: é preciso que diminuamos de forma "substancial" a emissão de gases tóxicos. Cabe a todos os setores da sociedade, agora, agir sobre os fatos e ciência apresentados neste relatório, que passou por um processo sem precedentes de revisão!