47,9 km de Voo em São Lourenço




Por ocasião do Campeonato Sul Mineiro de parapente, viajei para São Lourenço, no Sul de Minas. Apesar de não ter conseguido confirmar minha inscrição, tentei de todas as formas participar da competição na categoria Sport. Inscrevi-me tarde e as vagas haviam acabado. Fiquei na expectativa da desistência de algum piloto, ou algo parecido. Eu e Curreca (piloto de renome nacional e internacional) apertamos a organização no intuito de competir, mas não obtivemos sucesso. Teve gente querendo nos passar a vaga, mas a organização não permitiu. Faltaram 12 pilotos no dia e ainda assim a burocracia falou mais alto.
No fundo, a culpa foi nossa, que nos inscrevemos tarde. Eles poderiam nos ceder o direito de competir? Sim, poderiam, mas não o fizeram, estão no direito deles. Uma pena, pois as possibilidades de pódio eram reais para nós dois.

Curreca nem voar voou. Já eu, que não conseguira competir, esfriei a cabeça no domingo e parti para o cross. A condição não estava excelente, aliás, em nenhum dia esteve. Mesmo assim, parti, coloquei uns 700m acima da rampa de São Lourenço e chamei pelo rádio meus companheiros, Fausto Stuqui e Tiago Dias (Barãozinho). Avisei que partiria rumo à cordilheira da esquerda visando a cidade de Don Viçoso, que fica a 21 km da rampa.

Partimos os três em um voo bem técnico e ralado. Difícil localizar térmicas no céu azul. Optei em ir pelo lado de São Lourenço e logo percebi que não fora uma boa escolha. Comecei a perder muita altura e rapidamente mudei meu rumo para o lado direito da cordilheira que estava à minha frente. Esse lado estava virado para o sol e como o céu estava azul essa era a única indicação de possíveis termais por lá. Dito e feito, quando alcancei o lado "ensolado" da cordilheira bati em uma bolha falhada e consegui subir com ela. Logo Barãozinho estava colado nela também. Fausto estava muito baixo, não conseguiu acompanhar nosso voo. Pelo rádio, tentei colocá-lo na termal abaixo de nós, calculando sua deriva; isso deu um gás a mais para seu voo, pelo menos pareceu que ele me ouvira.

Ganhamos altura e seguimos na deriva da termal. Joguei rumo a umas montanhas altas que estavam logo à frente uns 5 ou 7 km. Cheguei um pouco abaixo delas e bati em outra. Passei de seu cume e percebi que Fausto já não mais estava entre nós. Seu voo havia acabado nos primeiros 12 km, calculo. Barãozinho seguia forte comigo.
Do alto da montanha, já podíamos avistar com clareza a simpática cidadezinha de Don Viçoso. Don Viçoso fica em um vale formado pela montanha que estávamos ganhando e outra cordilheira um pouco mais baixa do outro lado. Seguimos em direção à cidade. Atravessei o vale perdendo altura e alcancei a cordilheira oposta baixo.

Localizei uma boa opção de pouso logo abaixo e fui ralar meu voo na tentativa de seguir em frente. Barãozinho, pelo rádio, dizia para ficarmos por ali, pois teríamos que ganhar muito e atravessar um gap gigante composto apenas por sérias roubadas de pouso.
Na próxima edição, o final desta aventura...