Com esta edição de verão, que abrange os meses de janeiro e fevereiro, reiniciamos nossa jornada anual, após pequenas férias. Novo ano, novos desafios.
O ano novo, uma invenção do Homem para dividir o tempo – que é contínuo –, iniciou-se de modo catastrófico para grande parte da população do estado do Rio de Janeiro. Como costuma acontecer no verão, fortes chuvas proporcionaram grandes enchentes e deslizamentos de terra em nossa região serrana, que sofrera tragédias idênticas em janeiro de 2011.
De lá para cá, a absurda burocracia política do país, somada ao descaso, à incompetência, à má vontade, à falta de pudor e, também, à corrupção de alguns governantes, impediram uma ação concreta no sentido de evitar que tais calamidades voltassem a infligir sofrimentos e perdas materiais à população fluminense.
Como estamos numa espécie de “Quartel d'Abrantes”, ninguém será preso por isso, nem terá de devolver bens porventura surripiados. O regime heteróclito implantado no país, chamado por alguns de “democradura”, onde praticamente inexiste oposição, não costuma punir aqueles que roubam muito.
A carga tributária, cada vez maior, paga em sua maior parte pela classe dita média, serve de sustentáculo para as falcatruas, ou “malfeitos”, segundo os novos tempos. O país está cheio de malfeitores.
A cada ano que chega, nos perguntamos: comemorar o quê? Ano novo, aumentos novos. Inflação “controlada” mediante troca de itens que servem para o seu cálculo.
Aposentados que ganham acima de um salário mínimo cada vez mais pobres. Tiveram reajuste (?) de 6,08%; salário mínimo teve 14,13%; ônibus urbano, 10%; pedágio da Linha Amarela, 9,3%; seguro-desemprego, 14,13%; inflação foi de 6,50%, pelo IPCA...; vereadores do Rio de Janeiro tiveram inacreditáveis 61,8%.
Acabou? Não. O salário mínimo regional, uma aberração constitucional adotada por apenas cinco estados da Federação, permanece superior ao salário mínimo NACIONAL, para alegria dos governadores que o implantaram e obtêm dividendos políticos com isso.
A continuar tal situação, vislumbra-se um horizonte nada auspicioso à frente: no futuro, nenhum aposentado do INSS irá ganhar mais de um salário mínimo; determinadas profissões, hoje pagas com base no demagógico salário mínimo regional (empregados domésticos, de um modo geral) pela ainda classe média, serão drasticamente reduzidas, beirando a extinção.
Assim, perguntamos novamente: comemorar o quê?