As
árvores e palmeiras são realmente importantes no paisagismo urbano e trazem
grande satisfação e beleza, sem contar com a imponência e maior frescor
proporcionados aos ambientes. Porém essas espécies têm sido usadas de forma
indevida no paisagismo urbano carioca e não é raro observar transtornos
causados por esses vegetais, principalmente no verão, quando ficamos sujeitos
às chuvas fortes, sempre acompanhadas de rajadas de vento, também bastante
comuns nessa época do ano.
O
conhecimento técnico é fundamental. São informações que envolvem conhecimentos
básicos de fisiologia vegetal e botânica, informações preciosas como, por
exemplo, seu porte (tamanho que a espécie vegetal vai alcançar na sua idade
adulta), hábito de crescimento (tipo e conformação da copa), tipo de raízes (se
são raízes profundas – ditas pivotantes) ou raízes que exploram pouco volume de
solo (chamadas de fasciculadas – raízes concentradas e pouco profundas) e
caráter da folha (se a espécie perde as folhas em determinada época do ano –
chamadas de caducas).
O
plantio de um vegetal de grande porte implica em ter esses conhecimentos
básicos que nortearão a tomada de decisão da melhor planta para cada tipo de
jardim. Portanto, a decisão da inserção dessas árvores ou palmeiras no projeto
paisagístico, seja ele urbano ou residencial, deve sempre aliar técnica e arte
e não pura e simplesmente a beleza e a estética.
Vamos
tomar como exemplo apenas uma espécie de árvore e uma de palmeira, para que
tenhamos noção do assunto e não tornar esse texto um pergaminho, uma vez que o
problema é mais sério do que pode imaginar o caríssimo leitor.
A
amendoeira (Terminalia catappa) é uma
árvore de grande porte, originária da Ásia, que hoje ocupa de forma maciça as
ruas e praças de todo o Rio de Janeiro. A espécie tem crescimento vigoroso,
normalmente alcançando dez metros de altura ou mais. Possui uma copa em forma
de guarda-chuva, com folhas grandes que sempre caem nessa época do ano,
entupindo ralos e bueiros da nossa cidade. Suas raízes são profundas
(pivotantes) e sempre causam transtornos aos transeuntes, seja por esburacarem
completamente as calçadas ou por simplesmente se tornarem verdadeiros
obstáculos à passagem, uma vez que elas (as raízes), invariavelmente sobressaem
em relação ao solo. Nem vou citar aqui os problemas em relação a encanamentos
de água e esgoto e fiação elétrica. Morcegos são atraídos pelos seus frutos e
quando estes caem, podem machucar quem está embaixo ou simplesmente atingir
carros que eventualmente estejam estacionados sob sua generosa sombra. Esse
talvez seja o único motivo que levou essa espécie a ser plantada de forma
exagerada no Rio, sua sombra. Mas, como foi dito, faltou critério técnico a
quem plantou essas árvores, já que existem espécies mais adequadas para
passeios públicos sob fiação aérea e que além de reunir outras características
desejáveis para tal, são muito mais belas, como a quaresmeira (Tibouchina granulosa), que é oriunda da
Mata Atlântica, portanto brasileiríssima.
E as
palmeiras? Não preciso escrever aqui do coco, fruto do coqueiro (Cocos nucifera), que ao cair, cheio de
água e pesado pode causar acidentes graves.
Quero
falar da Palmeira imperial, que está sendo plantada de forma inadequada e
perigosa em algumas ruas da cidade, no passeio público e até em avenidas de
grande fluxo de automóveis. A Roystonea
oleracea, nome científico dessa belíssima palmeira que, no seu porte menor,
atinge 15 metros de altura, ao perder sua folha, pode também machucar quem
trafega embaixo. Carros e pedestres não estão imunes. A queda de uma altura de
15 metros faz com que a folha aumente consideravelmente seu peso podendo
realmente machucar.
Assim
como o exemplo dado à árvore, existem também, espécies de palmeiras que
certamente trariam menos riscos e igualmente beleza e imponência aos projetos
paisagísticos e seus jardins espalhados pela cidade. O que se precisa é ter
embasamento técnico e bom senso. Porque em se tratando de paisagismo urbano,
com plantas ornamentais de grande porte e seus inúmeros conflitos, a beleza é
apenas mais um critério.