Um tema recorrente na agricultura é a utilização de resíduos. Após
a implementação da nova política nacional de resíduos sólidos (2010) não
escrevi nada mais sobre esse tema. Assim, decidi reproduzir um texto escrito
aqui, nesse cantinho, em 2009. Vamos a ele.
A disposição de resíduos no meio ambiente tem
sido uma das preocupações da sociedade moderna, que busca, por meio de
mecanismos legais, o desenvolvimento sustentável, com a menor geração possível
deles. A caracterização destes passivos e suas possíveis formas de reutilização
é uma exigência legal que traz consigo responsabilidades não só ambientais, mas
também sociais e econômicas, uma vez que muitos desses resíduos podem trazer
benefícios aos solos tropicais intemperizados, comuns no Brasil, promovendo
ciclagem de nutrientes na produção vegetal (resíduos com característica de
fertilizante) ou mesmo a elevação do pH (resíduos alcalinos, por exemplo),
tornando terras antes impróprias ao cultivo, por conta da presença de alumínio
tóxico e potencial de hidrogênio baixo, outra vez aptas às suas funções sociais
básicas.
Desta forma, torna-se importante saber a
procedência e/ou a caracterização do resíduo que se tem ou mesmo se adquire de
alguma forma, antes de sair aplicando em seu jardim. Resíduos orgânicos (restos
vegetais, sobras ou cascas de alimentos, excrementos de animais etc.), são
materiais importantes que contribuem para a nutrição das plantas ornamentais.
Mas é preciso critério na aplicação destes, pois o ideal é que esses resíduos
estejam já curados (maturados completamente) ou, ao menos, em estado avançado
de decomposição – o que é normalmente conseguido com a utilização de processos
de compostagem – e, principalmente, de uma análise de solo prévia.
Em se tratando de resíduos oriundos de processos
industriais, é preciso que eles tenham selo de aprovação do Ministério da
Agricultura e do Abastecimento para que sua comercialização seja legal e
obedeça a critérios de segurança e saúde para o consumidor. Geralmente, os processos
industriais são obtidos com a adição de diferentes elementos químicos e, com
isso, podem gerar resíduos potencialmente perigosos, por conter sobras desses
elementos. Assim, o uso desses resíduos pode causar contaminação das águas, do
ar e do solo principalmente.
De um modo geral, os jardins são
cultivados em solos previamente analisados por profissionais que sabem da
importância de um bom preparo e da adição de matéria orgânica. As plantas
normalmente respondem bem e o solo se torna mais fértil, além de ter
substancialmente aumentada a sua capacidade de retenção d'água. Entretanto é
preciso sempre critério e cuidado com as fontes de matéria orgânica. Na dúvida,
consulte sempre um agrônomo. O meio ambiente e o seu jardim agradecem.