Uma das coisas que contribuem para o nosso prematuro envelhecimento é a preocupação, impossível de evitar em muitas ocasiões. Os cariocas, neste momento, agregam preocupações sobre o estado de obras sob a responsabilidade dos poderes públicos do país, como as precárias construções dos prédios do Minha Casa Minha Vida, entregues a construtoras pouco escrupulosas; as falhas na construção da cobertura do Engenhão, que, agora, nem pode suportar ventos acima de 60km etc. etc., tudo ameaçando desabar.
Para os moradores da Barra da Tijuca, Recreio e adjacências, em particular, o Elevado do Joá, importante via de ligação com a Zona Sul e o Centro da cidade, é a neurose do momento. Em face do elevado aumento da frota de veículos particulares em circulação, ele, com seus 40 anos de existência, é indispensável coadjuvante na tarefa de escoamento do tráfego da região.
Agora, nos deparamos com uma situação de emergência: o elevado, uma construção sujeita à maresia e ventos constantes, não teve a manutenção necessária ao longo dos anos e, segundo laudo técnico da Coppe-UFRJ, “o estado de degradação estrutural pelo avanço da corrosão compromete a segurança do viaduto”. De acordo com o coordenador do estudo, “a vida útil do Joá acabou. A reforma que a prefeitura promete fazer cobre apenas áreas onde o problema é visível. Mas 60% delas não podem ser fiscalizadas”.
Dia 4 de abril, na audiência pública da Comissão de Assuntos Municipais e de Desenvolvimento Regional do Rio – CAMDR, na sede da Câmara Comunitária da Barra da Tijuca, o professor de Engenharia da Coppe-UFRJ, Eduardo Batista, mostrou como está sendo feita a proteção catódica dos pilares, para dar mais durabilidade às ferragens e minimizar os transtornos, mas afirmou que é apenas um método paliativo, porque depois de iniciada a corrosão não há como detê-la.
Para ele, a interdição do Elevado se faz necessária: “Sem dúvida, é uma intervenção traumática, de logística complexa, mas que deve ser prioritária. Reconheço a dificuldade desta decisão para os gestores, devido aos transtornos inerentes a uma obra desse porte, mas, após um estudo minucioso chegamos à conclusão que, para maior segurança, seria viável a interdição”. Afirmou, ainda, que as soluções paliativas não vão eliminar a necessidade de interditar o viaduto posteriormente. Entretanto, o coordenador de projetos da Secretaria Municipal de Obras, João Luiz, afirma que é inviável a interdição, tendo em vista que daria um nó no trânsito da Barra. Assim, a prefeitura vai adotar a construção de vigas metálicas que servirão de apoio dos tabuleiros: “Vamos fazer 12 novos pilares e reforçar os demais. Desta forma, a prefeitura teria mais cinco anos para decidir o que mais poderá ser feito no local”.
Não é o momento de a prefeitura economizar, fazendo apenas reparos onde os danos são visíveis. Trata-se do bem-estar, da tranquilidade e da segurança da população de nossa cidade. Moradores da Barra e arredores se mostram preocupados. Muitos nem usam mais o viaduto, arriscando-se por outros caminhos. A situação beira a calamidade. Algo em torno de R$ 100 milhões resolveria definitivamente o problema. Relativamente muito pouco, levando-se em conta as verbas imensas destinadas às obras da Copa e das Olimpíadas. E o Maracanã, após a Copa, terá de ser novamente reformado, para atender aos padrões olímpicos. Os dois eventos têm duração limitada; a circulação da população pelo viaduto é infinita. Pensem nisto.