Cantinho da Poesia



PERSISTÊNCIA

É a mesma voz de sempre insinuando
Que não é mais possível ser feliz;
É o mesmo adversário te privando
Das bênçãos debaixo do teu nariz;
É a vida repetindo a melodia
Do cântico de angústia e depressão;
É a mesma batalha de todo dia
De acordar e encontrar motivação;
É a chance novamente de escolher:
Calar vendo o silêncio te vencer?
Cantar, mesmo que em meio à escuridão?
Viver? Sobreviver? Filosofar?
Desistir antes mesmo de tentar?
A escolha estará sempre em tuas mãos...
Ederson Peka

PERDAS

Perder algo é uma sensação
Que nos incomoda muito...
As lembranças insistem em se fazer presentes
Avivando a saudade, abrindo feridas e sangrando a alma...

É importante passarmos por todas as fases,
Não ignorando uma sequer...
Não se maquia a dor
É como um alimento...

Temos que mastigar bem, engolir,
Esperar a digestão e a completa eliminação.
Assim, ficamos limpos e famintos novamente...
Com fome de viver e ser feliz!!!!

Não pule etapas da sua vida.
Não finja que está tudo bem...
Não deixe que situações mal resolvidas
Atrapalhem o seu caminhar...

Tenha um encontro com você
E termine esse capítulo da sua vida
Para que assim,
Consiga escrever sua história.

Não queira nada menos
Que a sua FELICIDADE!!!!
Chore apenas para lavar a alma!
Qua a dor seja apenas para romper barreiras!
E que a perda finalize,
No início da sua vitória!
Rose Felliciano


AS DORES DE SER

Trevas de mim,
por onde andam minhas luzes?
Lume oculto,
por que não lhe desvendo?
Verdade de mim,
por que não se revela?
Mentira de mim,
por que tem o poder de enganar-me?
Que fazer quando
se sente apenas como migalhas,
os restos de tristeza
que são mais potentes
que as frágeis felicidades?
Dor de mim,
por que insiste tanto
a ponto de afugentar o prazer de ser?
De tudo que eu sempre quis,
por tanto que tanto lutei,
e então descobrir
que todas batalhas
já estão vencidas ou perdidas.
Migalhas de mim,
como podem ser maiores
que o todo de mim?
Guerra de mim,
que se apoderou da minha paz,
a verdadeira paz.
A paz que não é dos mortos,
mas aquela que reluz em vida.
Pecado de mim, culpa de mim,
até onde sou perseguido,
até onde persigo a mim mesmo,
sendo meu próprio carrasco?
Demônio de mim,
por que se cala ante
o anjo que nada diz?
Anjo de mim,
por que não vence o demônio
que lhe desafia em silêncio?
Quietude da alma, solidão do ego,
ninguém pode socorrer
o de fato sozinho.
Nem mesmo as lágrimas são válidas,
pois apenas choram sem objeto definido.
Prisão de meu ser,
até onde o corpo
há de ser chave de minha liberdade?
Até onde criarei um espírito débil
para salvaguardar minhas desilusões?
Orgulho de mim,
grande tolice de mim mesmo,
totem caído em batalha.
Os inimigos estão a postos,
não se crê em amigos
no fio da navalha.
Até os enganos
podem guiar um destino?
Até onde se pode ser iludido?
Dos muitos porquês,
por tanto que se faz de nada...
Gilberto Brandão Marcon


ACONCHEGO

Deitar no colo
Provar seu ventre
Esquentar meu frio
Viajar minha mente

Embriagar a alma
Beber do chão
Provar sua calma
Descansar meu coração

Sentir seu cheiro
Tomar seu banho
Libertar desejo
Aconchegar eu mesmo

Fitar seu olho
Esperar por vir
Amar seu gosto
Cuidar de mim

Apertar a mão
Olhar seu rosto
Suar tesão
Guardar o gozo

Quietar a pele
Liberar tensão
Aguardar meu pouso
Explodir paixão.
Fábio Pirajá