SÃO MAIS DE DOIS BILHÕES GASTOS. BASTA DE PALIATIVOS PARA LIMPAR NOSSAS LAGOAS

Nós do Lagoa Viva e parceiros não vamos nos omitir jamais, nem perder a oportunidade de cobrar dos governos o compromisso que integra o caderno de encargos das Olimpíadas, para despoluir, de verdade, o complexo lagunar Barra da Tijuca/Jacarepaguá. O Programa de Recuperação Ambiental desenvolvido em conjunto pelo município e o estado tem que promover condições/campanhas em parcerias, para que milhares de moradores locais que anseiam por lagoas limpas se voltem para esta causa, para direcionar esforços de mobilização participativa, priorizar os mais pobres e suas carentes comunidades. O complexo lagunar é o vazadouro para onde escoam as águas dos mais de 40 rios que vertem dos maciços da Tijuca e Pedra Branca, trazendo lixo e esgoto de dezenas comunidades ribeirinhas.


O estado já investiu em dragagem de forma tímida, nunca atacou a origem; agora esse vultoso investimento de mais de R$ 600 milhões para retirada de toneladas de sedimentos do Canal da Joatinga, lagoas de Marapendi, Tijuca, Camorim e Jacarepaguá, na tão esperada e necessária retomada da dragagem. Registro também que lá se vão mais de sete anos de dinheiro aplicado para operar o recolhimento e descarte nas ecobarreiras, local de acúmulo/retirada de resíduos flutuantes, foco de mosquitos nas gigogas retidas. Até quando? O município vai aplicar recursos em mais quatro dispendiosas Unidades de Tratamento de Rios (UTR's), as redes de contenção dos resíduos lançados rio acima, vão trazer sim, algum beneficio ao espelho d´água das lagoas, mas é jogar dinheiro no esgoto, alto custo operacional e aplicação de toneladas de produtos químicos que interferem na vida aquática. Até quando? Nós temos é que atacar as origens, buscar o reassentamento dos ocupantes de risco das faixas marginais, revitalizá-las, criando áreas de lazer, priorizar ações na conservação ambiental para minimizar até cessar o lançamento definitivo dos dejetos, rio por rio.

Nós do Lagoa Viva e demais membros do Subcomitê do Sistema Lagunar de Jacarepaguá, com sua forte representação, composta do poder público, usuários da água e sociedade civil que preconiza o gerenciamento dos recursos hídricos de forma integrada, compartilhada e descentralizada, temos urgente que priorizar a elaboração e fazer cumprir o plano da bacia hidrográfica de jacarepaguá. Junto com nossos parceiros vamos  envolver moradores locais, atacar a origem, formar e capacitar centenas de agentes ambientais comunitários, limpar rio a rio, revitalizar o entorno de suas margens e nascentes, reciclar e destinar o lixo corretamente, acabar com valões, tratando esgoto, possivelmente, com biodigestores para as pequenas comunidades e melhorar as condições de saúde e de vida dessa sofrida população. Nós do Lagoa Viva e parceiros compromissados com a causa, priorizamos as ações, continuamos determinados a executar, estimular, contribuir e envolver os mais diversos segmentos da comunidade para boas práticas de gestão ambiental local, desenvolver campanhas, material educativo, vídeos, eventos de sensibilização, seminários, palestras e apoiar projetos de educação ambiental nas escolas e nas comunidades ribeirinhas.

Nós do Lagoa Viva sempre acreditamos e proporcionamos, há treze anos, a difusão de conhecimentos, voltados para o cuidado ambiental local, processo de construção de valores para o exercício da cidadania no convívio comunitário. Nós do Lagoa Viva, membro/fundador do Subcomitê de Jacarepaguá e do Conselho Gestor do Parque Estadual da Pedra Branca, vamos lutar para elaboração do Plano de Manejo do parque e a efetiva destinação dos recursos previstos nas compensações ambientais obrigatórias das grandes obras locais para projetos de revitalização/conservação/educação ambiental. Nós do Lagoa Viva e todos não podemos permitir que nossas crianças continuem a brincar nos valões e que a parte mais carente da população que nos atende continue na mesma. Não podemos continuar a enxugar gelo. Não podemos lançar mais dinheiro no ralo. Vamos usá-lo para atacar as origens, melhorar as condições de saneamento e de vida dessa população. Chegou a hora de priorizar políticas e investimentos públicos e privados para a educação ambiental. Até quando as autoridades vão temer, enfrentar o desafio de sanear comunidade por comunidade, revitalizar e conservar nossos corpos hídricos permanentemente? Outros conseguiram; nós, unidos, também podemos.

QUAL É O LEGADO AMBIENTAL DAS OLIMPÍADAS QUE QUEREMOS?

Donato Veloso